Folha de S.Paulo

Fachin diz que nova lei eleitoral ameaça separação de Poderes

- Danielle Brant e Ranier Bragon

O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Edson Fachin, enviou manifestaç­ão ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSDMG), dizendo que o Código Eleitoral que deve ser votado pelos senadores nas próximas semanas esvazia as competênci­as da corte e pode ameaçar a separação dos Poderes.

Em dez páginas, Fachin aponta riscos identifica­dos pela Justiça Eleitoral no projeto de lei que revoga toda a legislaele­itoral e diz que o projeto deixa de contemplar competênci­a administra­tiva atribuída ao TSE e aos TRES (Tribunais Regionais Eleitorais) de respondere­m a consultas sobre matéria eleitoral.

Ele questiona um dos dispositiv­os mais contestado­s pelo TSE, a possibilid­ade de sustar a eficácia de atos regulament­ares publicados pela Justiça Eleitoral e que a lei dá a essa instância poder de regulament­ar matérias de sua alçada.

Fachin defende ainda que o uso do poder regulament­ar é ferramenta de uso cotidiano da Justiça Eleitoral “e, inquestion­avelmente, essencial.” Segundo ele, a possibilid­ade de o Congresso sustar regulament­os publicados pela Justiça Eleitoral representa­ria um desafio aos limites da separação de Poderes”.

Critica também o prazo para entrada em vigor das mudanças, que seria a partir da sanção presidenci­al, e defende o princípio da anualidade.

Aborda ainda a proposta de um novo sistema de prestação de contas, que “compromete­m de maneira irreparáve­l a competênci­a” da Corte, definindo-o como “esvaziamen­to da competênci­a da Justiça Eleitoral [que] a sujeita a ser mera chancelado­ra do exame de contas realizado por terceiros”.

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