Folha de S.Paulo

Árvores na Unicamp foram referência para jornalista

LUIZ CARLOS MISSAO SUGIMOTO (1957-2022)

- Fábio Pescarini coluna.obituario@grupofolha.com.br

Durante mais de duas décadas, a praça da Paz, na Unicamp, foi um dos refúgios preferidos do jornalista Luiz Carlos Missao Sugimoto. Ao longo de 23 anos, ali costumava refletir em silêncio.

Ao anunciar sua saída da assessoria de comunicaçã­o da Universida­de de Campinas, em 1º de abril, ele reverencio­u o local. “Quando cheguei, em 1999, havia apenas mudas de árvores plantadas na praça da Paz. Gosto de pensar que cresci junto com elas no campus”, escreveu.

De fala mansa, mas sem baixar o tom em seu texto crítico, quando necessário, Sugimoto foi uma referência aos tantos colegas que fez nos seus mais de 40 anos de profissão.

“Uma vez questionei como ele conseguia realizar entrevista­s, pois quase não falava e era sempre baixo”, conta a filha Yuri Noronha Sugimoto, 40. “Ele disse dizendo que o importante era saber ouvir.”

Nascido em Bauru (a 329 km de SP), mudou-se com a família pequeno para a Penha, na zona leste de São Paulo.

Jovem de boa escrita, foi contratado pelo antigo Diário Popular em meados da década de 1970. Cobriu a Copa da Espanha, em 1982, e viu de perto a seleção de Zico, Sócrates e Falcão.

Mudou-se para Campinas (a 93 km da capital) na década seguinte. Na cidade, trabalhou nas redações do antigo Diário do Povo e do Correio Popular, na prefeitura e na Unicamp, onde fincou raízes.

Sugimoto costumava demonstrar seu afeto no fogão. As feijoadas e dobradinha­s do pai eram famosas. Difícil, diz Yuri, era esperar o ano inteiro pelo salpicão de Natal.

O bacalhau do Dia das Mães, preparado para filha e para a ex-mulher Inês, 62, foi o último almoço em família.

Nos dois anos de isolamento na pandemia em casa, Sugimoto amadureceu a ideia de que talvez tivesse chegado a hora de parar e aproveitar os gêmeos Cauê e Felipe, que iriam chegar em 18 de abril.

Com olhos marejados, ele anunciou para a família, no fim de março, que iria se desligar da Unicamp.

Em 13 maio, Sugimoto foi à Unicamp levar documentos da sua rescisão. Ao chegar estacionad­o junto à praça da Paz, o coração não resistiu. E ali caiu, no seu refúgio de silêncio. “As árvores ficam”, havia escrito naquele seu anúncio de despedida.

Sugimoto morreu aos 65 anos. Deixou os filhos Yuri e Thiago, e os três netos, Felipe, Cauê e Pedro.

7º DIA

FERNANDO ANTONIO DE SÁ AGUIRRE Neste sábado (28/5) às 9h, Santuário N.S. do Rosário de Fátima, Sumaré, São Paulo (SP)

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