Poluição do ar de São Paulo melhora, mas continua acima do ideal
São Paulo está com o ar pesado e não é de hoje. Uma análise do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente) mostra como a cidade apresenta, em todos os índices avaliados, taxas de poluição superiores às recomendadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
O relatório do Iema, lançado nesta quinta-feira (26), usa dados disponibilizados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), captados em 29 pontos da cidade. O levantamento engloba o período de 2000 a 2021.
Foram avaliados níveis de três poluentes críticos para São Paulo: de material particulado, ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2).
“A gente só reverificou a questão de que São Paulo é poluída”, afirma David Tsai, gerente de projeto do Iema.
Apesar de a cidade ainda apresentar níveis consideravelmente superiores aos do cenário ideal para a saúde apontado pela OMS, há, em algum grau, uma boa notícia a ser contada. Pelo menos para material particulado e NO2, as concentrações de poluentes vêm diminuindo.
O grande problema é que diminuem em relação a níveis anteriormente muito altos.
Começando pelo material particulado, por exemplo. O nome é quase literal: trata-se de uma mistura de compostos sólido e líquidos (dispersados em fumaças e poeira) que ficam em suspensão no ar e acabam no seu nariz e nos seus pulmões. Se você estiver imaginando ônibus, carros e chaminés de fábricas soltando fumaça, você está certo.
Segundo a análise do Iema, no começo dos anos 2000, a cidade de São Paulo tinha taxas de material particulado (MP) de 3 a 5 vezes superiores ao que indica atualmente o padrão da OMS (que foi atualizado no fim do ano passado).
Hoje, para o MP10 (o número indica o tamanho do composto medido: 10 micrômetros), os valores da capital paulista são duas vezes maiores do que o ideal. No caso do MP2, 5 (que, pelo seu tamanho, é mais prejudicial), a concentração é de 3 a 4 vezes maior do que o indicado.
As reduções observadas nessa área devem estar relacionadas a um maior controle das emissões veiculares, o que está associado à melhoria tecnológica em veículos e ao Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores).
Os valores de NO2 de 2020 e 2021 chegaram a ficar dentro dos padrões da OMS. Isso se levássemos em conta os padrões antigos. A atualização de 2021, porém, tornou mais restritivos os níveis ideias, reduzindo-o em quatro vezes. Com isso, nenhuma estação de monitoramento em São Paulo ficou dentro de padrões adequados, apesar das reduções. Os óxidos de nitrogênio são produzidos em processos de combustão.
O caso do ozônio, que é um poluente secundário, é o mais preocupante, diz Tsai. “Ele oscilou em patamares bastante elevados, mas não apresentou uma tendência de queda”, afirma o pesquisador do Iema. “A gente está estagnado.”
Ainda não há uma explicação clara sobre o que está envolvido nessa manutenção dos números relacionados ao O3, mas Tsai diz que o instituto está em contato com a Cetesb para entender e pensar em soluções.