Folha de S.Paulo

Poluição do ar de São Paulo melhora, mas continua acima do ideal

- Phillippe Watanabe

São Paulo está com o ar pesado e não é de hoje. Uma análise do Iema (Instituto de Energia e Meio Ambiente) mostra como a cidade apresenta, em todos os índices avaliados, taxas de poluição superiores às recomendad­as pela OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde).

O relatório do Iema, lançado nesta quinta-feira (26), usa dados disponibil­izados pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), captados em 29 pontos da cidade. O levantamen­to engloba o período de 2000 a 2021.

Foram avaliados níveis de três poluentes críticos para São Paulo: de material particulad­o, ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2).

“A gente só reverifico­u a questão de que São Paulo é poluída”, afirma David Tsai, gerente de projeto do Iema.

Apesar de a cidade ainda apresentar níveis considerav­elmente superiores aos do cenário ideal para a saúde apontado pela OMS, há, em algum grau, uma boa notícia a ser contada. Pelo menos para material particulad­o e NO2, as concentraç­ões de poluentes vêm diminuindo.

O grande problema é que diminuem em relação a níveis anteriorme­nte muito altos.

Começando pelo material particulad­o, por exemplo. O nome é quase literal: trata-se de uma mistura de compostos sólido e líquidos (dispersado­s em fumaças e poeira) que ficam em suspensão no ar e acabam no seu nariz e nos seus pulmões. Se você estiver imaginando ônibus, carros e chaminés de fábricas soltando fumaça, você está certo.

Segundo a análise do Iema, no começo dos anos 2000, a cidade de São Paulo tinha taxas de material particulad­o (MP) de 3 a 5 vezes superiores ao que indica atualmente o padrão da OMS (que foi atualizado no fim do ano passado).

Hoje, para o MP10 (o número indica o tamanho do composto medido: 10 micrômetro­s), os valores da capital paulista são duas vezes maiores do que o ideal. No caso do MP2, 5 (que, pelo seu tamanho, é mais prejudicia­l), a concentraç­ão é de 3 a 4 vezes maior do que o indicado.

As reduções observadas nessa área devem estar relacionad­as a um maior controle das emissões veiculares, o que está associado à melhoria tecnológic­a em veículos e ao Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotore­s).

Os valores de NO2 de 2020 e 2021 chegaram a ficar dentro dos padrões da OMS. Isso se levássemos em conta os padrões antigos. A atualizaçã­o de 2021, porém, tornou mais restritivo­s os níveis ideias, reduzindo-o em quatro vezes. Com isso, nenhuma estação de monitorame­nto em São Paulo ficou dentro de padrões adequados, apesar das reduções. Os óxidos de nitrogênio são produzidos em processos de combustão.

O caso do ozônio, que é um poluente secundário, é o mais preocupant­e, diz Tsai. “Ele oscilou em patamares bastante elevados, mas não apresentou uma tendência de queda”, afirma o pesquisado­r do Iema. “A gente está estagnado.”

Ainda não há uma explicação clara sobre o que está envolvido nessa manutenção dos números relacionad­os ao O3, mas Tsai diz que o instituto está em contato com a Cetesb para entender e pensar em soluções.

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Adriano Vizoni - 23.ago.21/folhapress Vista do centro da cidade de São Paulo a partir da Mooca mostra nuvem de poluição

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