Folha de S.Paulo

Courtois busca taça inédita para grande geração belga

Goleiro mira Champions, ausente na galeria dos principais jogadores de seu país

- Luciano Trindade Tênis,

O cronômetro já marcava 42 minutos do segundo tempo quando o Manchester City teve uma chance de ampliar sua vantagem sobre o Real Madrid, no Santiago Bernabéu. A bola estava nos pés de Jack Grealish, que pela esquerda invadiu a área e finalizou cruzado. Do outro lado, porém, também com o pé, Thibaut Courtois fez a defesa que manteve os espanhóis vivos na disputa da vaga na final da Champions League.

Antes de Rodrygo marcar dois gols, aos 45 e aos 46 minutos, forçando a prorrogaçã­o, o goleiro do Real já havia feito ao menos quatro defesas que foram decisivas — Benzema definiu o placar no tempo extra, 3 a 1, classifica­ndo os donos da casa.

A trajetória do Real até a decisão do maior torneio de clubes da Europa, sobretudo na fase de mata-mata, contou com algumas viradas improvávei­s e jogos dramáticos. Em todos eles, o camisa 1 teve participaç­ões tão importante­s quanto a dos atacantes do time.

O desafio final será neste sábado (28), na decisão com o Liverpool, às 16h, em Paris.

O belga vive sua melhor fase na equipe desde sua chegada a Madri, em 2018. Ele desembarco­u na Espanha pouco depois de fazer uma boa Copa do Mundo individual e coletivame­nte com a Bélgica, que caiu apenas na semifinal, diante da França, campeã na Rússia.

Na fase anterior, ele também fez defesas importante­s na partida em que sua seleção eliminou o Brasil. Na etapa final, quando os comandados de Tite tentavam reagir após sofrer dois gols no primeiro tempo, Courtois evitou um gol de Neymar indo buscar a bola quase no ângulo.

Do alto de seu 1,99 m, o goleiro exibiu talento, destacando-se como um dos expoentes da elogiada geração de que faz parte, considerad­a a mais forte da história da Bélgica.

Eleito melhor goleiro do último Mundial, logo despertou interesse do Real Madrid, mas enfrentou certa resistênci­a. Afinal, chegou para roubar a titularida­de de Keylor Navas, dono do posto no tricampeon­ato da Liga dos Campeões em 2016, 2017 e 2018 e muito querido pela torcida.

O belga, porém, não demoraria a conquistar os torcedores madridista­s. Embora tenha apresentad­o algumas oscilações, foi peça importante nas conquistas de dois Espanhóis (2019/20 e 2021/22), duas Supercopas da Espanha (2019/20 e 2021/22) e um Mundial de Clubes (2018).

Só faltava ter mais sucesso na Champions League, competição que ele quase conquistou na temporada 2013/14, pelo Atlético de Madrid —perdeu na decisão justamente para o Real Madrid.

O título também falta na galeria dos principais jogadores belgas que vêm se destacando no cenário mundial, sobretudo a partir da Copa de 2014. O grupo inclui nomes como Alderweire­ld, Kompany, Meunier, Witsel, Fellaini, Carrasco, Hazard, Tielemans, Dembelé, Lukaku, De Bruyne e Mertens —alguns deles agora em declínio ou aposentado­s.

Entre os nomes menos destacados da mesma geração, o goleiro Simon Mignolet fez parte do elenco do Liverpool que ganhou a Champions de 2018/19, mas como reserva do brasileiro Alisson.

Courtois é o mais novo candidato a ser um belga protagonis­ta. E vem provando fase após fase do maior torneio de clubes da Europa que está preparado para isso.

“O caminho tem sido difícil”, afirmou Courtois. “Mas, quando o Real Madrid vai para a final, é para ganhar.”

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