Folha de S.Paulo

Lula é meu fã, diz Sérgio Reis, eleitor de Bolsonaro

Cantor, que não faria nova ‘Pantanal’ por repudiar a Globo, afirma que atual presidente será reeleito no primeiro turno

- Gustavo Alonso

RECIFE Sérgio Reis divide o mundo entre amigos e inimigos e jura que tem mais dos primeiros. De quase todos, consegue tirar algo de bom. Até de Lula. Garante que o expresiden­te é uma boa pessoa e seu fã. “Se você quiser saber o que eu gravei, o Lula tem.”

Outro amigo da trajetória de Serjão, como é conhecido entre os amigos, é Benedito Ruy Barbosa, autor da novela “Pantanal”, cuja nova versão é atualmente exibida na Globo.

Foi numa fazenda pantaneira de Reis que Barbosa idealizou a novela. A primeira versão na TV Manchete teve participaç­ão intensa do caipira no papel de Tibério, além de trilha sonora cantada por ele.

Artistas que participar­am da primeira versão foram convocados agora, como Almir Sater, com quem fez duas novelas, e Renato Teixeira, com quem lançou dois discos. Reis foi ignorado pela emissora.

Serjão é o típico homem cordial definido por outro Sérgio, o Buarque de Holanda, definido como aquele que tende a levar tudo para o lado afetivo e julgar o mundo por meio dos laços de compadrio.

Da mesma forma, Reis repudia os divergente­s, quase beirando a ilegalidad­e. Critica Ivete Sangalo, Lula e a Globo. “Sou Bolsonaro”, afirma. “Ele ganha no primeiro turno. Só [não ganha] se roubarem.”

Você se sentiu esnobado pela Globo por não ser chamado para fazer o remake da novela Pantanal?

Não, não. Nem iria! Não quero me aliar à Globo, não vou ajudar a Globo em nada. Sei que dou ibope.

Você tem amigos que estão fazendo a novela. Eles pediram que você fizesse parte do elenco?

Não, nem cogitaram. Eu sou Bolsonaro. Quem é Bolsonaro eles não põem. Não vai acrescenta­r nada à minha vida.

A Globo era contra as esquerdas nos anos 1960 e 1970. Hoje a Globo é de esquerda?

Mas naquela época era o senhor Roberto Marinho! Era outra história! Ele era muito sério.

A novela ‘Pantanal’ foi concebida em uma de suas fazendas?

O Benedito Ruy Barbosa tinha feito umas novelas, estava cansado, e eu o convidei para a minha fazenda, a Pouso da Garça. Quando ele pisou lá, pensou “vou fazer uma novela e vou tomar conta do mundo”. Chamava “Amor Pantaneiro”, mas a Globo vetou. Ele saiu da Globo e foi para a Manchete com o [diretor] Jayme Monjardim. Foi quando mataram o Chico Mendes, e o Jayme percebeu que precisava fazer uma novela rural. Aí ele fez “Pantanal”.

Você já votou no Lula ou no PT?

Não, nunca. E ele sabe disso. Jogo limpo.

Hoje você é pró-bolsonaro, mas você já apoiou Lula e Dilma.

O Lula é meu fã, tem todososmeu­sdiscos. se vocêquiser saber o que eu gravei, o Lula tem. Sempre fui amigo dele.

E se o Bolsonaro não for para o segundo turno?

Ele ganha no primeiro. Não tem como! De cara. Só [não ganha] se roubarem.

Alguns analistas dizem que há risco de Bolsonaro dar um golpe no segundo mandato.

Imagina se o nosso Exército quer golpe! Sabe por que teve naquela época [década de 1960]? Porque Brizola tinha uns caras que queriam impor o comunismo dentro do Brasil. Olha, Caetano, Gil, Chico Buarque... Eles são contra? Até hoje são de esquerda! Sou amigo de todos. O que eu não posso é ver o artista falar bobagem na TV. Aí vem a Ivete Sangalo, uma baita artista, dizer ‘Bolsonaro, vai tomar no...’? [Na verdade, foi o público que gritou isso num show, e a artista provocou a plateia.]

Sobre essa questão de contratos com a prefeitura, houve uma polêmica com o cantor Zé Neto.

Das prefeitura­s, a gente ganha. Com a prefeitura é contrato, lógico. Você tem que dar o dossiê da sua empresa, dar nota fiscal, normal.

Mas é dinheiro público também.

É dinheiro para o público, não é dinheiro público. Uma prefeitura precisa levar lazer para o povo da cidade. [Ainda assim, shows do gênero são pagos com verba municipal. A prefeitura decide qual cantor ou grupo quer contratar e o contrata sem licitação, ao contrário da lei Rouanet.]

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Fábio H. Mendes/folhapress O cantor sertanejo Sérgio Reis em divulgação do show ‘Amizade Sincera’

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