Lula é meu fã, diz Sérgio Reis, eleitor de Bolsonaro
Cantor, que não faria nova ‘Pantanal’ por repudiar a Globo, afirma que atual presidente será reeleito no primeiro turno
RECIFE Sérgio Reis divide o mundo entre amigos e inimigos e jura que tem mais dos primeiros. De quase todos, consegue tirar algo de bom. Até de Lula. Garante que o expresidente é uma boa pessoa e seu fã. “Se você quiser saber o que eu gravei, o Lula tem.”
Outro amigo da trajetória de Serjão, como é conhecido entre os amigos, é Benedito Ruy Barbosa, autor da novela “Pantanal”, cuja nova versão é atualmente exibida na Globo.
Foi numa fazenda pantaneira de Reis que Barbosa idealizou a novela. A primeira versão na TV Manchete teve participação intensa do caipira no papel de Tibério, além de trilha sonora cantada por ele.
Artistas que participaram da primeira versão foram convocados agora, como Almir Sater, com quem fez duas novelas, e Renato Teixeira, com quem lançou dois discos. Reis foi ignorado pela emissora.
Serjão é o típico homem cordial definido por outro Sérgio, o Buarque de Holanda, definido como aquele que tende a levar tudo para o lado afetivo e julgar o mundo por meio dos laços de compadrio.
Da mesma forma, Reis repudia os divergentes, quase beirando a ilegalidade. Critica Ivete Sangalo, Lula e a Globo. “Sou Bolsonaro”, afirma. “Ele ganha no primeiro turno. Só [não ganha] se roubarem.”
Você se sentiu esnobado pela Globo por não ser chamado para fazer o remake da novela Pantanal?
Não, não. Nem iria! Não quero me aliar à Globo, não vou ajudar a Globo em nada. Sei que dou ibope.
Você tem amigos que estão fazendo a novela. Eles pediram que você fizesse parte do elenco?
Não, nem cogitaram. Eu sou Bolsonaro. Quem é Bolsonaro eles não põem. Não vai acrescentar nada à minha vida.
A Globo era contra as esquerdas nos anos 1960 e 1970. Hoje a Globo é de esquerda?
Mas naquela época era o senhor Roberto Marinho! Era outra história! Ele era muito sério.
A novela ‘Pantanal’ foi concebida em uma de suas fazendas?
O Benedito Ruy Barbosa tinha feito umas novelas, estava cansado, e eu o convidei para a minha fazenda, a Pouso da Garça. Quando ele pisou lá, pensou “vou fazer uma novela e vou tomar conta do mundo”. Chamava “Amor Pantaneiro”, mas a Globo vetou. Ele saiu da Globo e foi para a Manchete com o [diretor] Jayme Monjardim. Foi quando mataram o Chico Mendes, e o Jayme percebeu que precisava fazer uma novela rural. Aí ele fez “Pantanal”.
Você já votou no Lula ou no PT?
Não, nunca. E ele sabe disso. Jogo limpo.
Hoje você é pró-bolsonaro, mas você já apoiou Lula e Dilma.
O Lula é meu fã, tem todososmeusdiscos. se vocêquiser saber o que eu gravei, o Lula tem. Sempre fui amigo dele.
E se o Bolsonaro não for para o segundo turno?
Ele ganha no primeiro. Não tem como! De cara. Só [não ganha] se roubarem.
Alguns analistas dizem que há risco de Bolsonaro dar um golpe no segundo mandato.
Imagina se o nosso Exército quer golpe! Sabe por que teve naquela época [década de 1960]? Porque Brizola tinha uns caras que queriam impor o comunismo dentro do Brasil. Olha, Caetano, Gil, Chico Buarque... Eles são contra? Até hoje são de esquerda! Sou amigo de todos. O que eu não posso é ver o artista falar bobagem na TV. Aí vem a Ivete Sangalo, uma baita artista, dizer ‘Bolsonaro, vai tomar no...’? [Na verdade, foi o público que gritou isso num show, e a artista provocou a plateia.]
Sobre essa questão de contratos com a prefeitura, houve uma polêmica com o cantor Zé Neto.
Das prefeituras, a gente ganha. Com a prefeitura é contrato, lógico. Você tem que dar o dossiê da sua empresa, dar nota fiscal, normal.
Mas é dinheiro público também.
É dinheiro para o público, não é dinheiro público. Uma prefeitura precisa levar lazer para o povo da cidade. [Ainda assim, shows do gênero são pagos com verba municipal. A prefeitura decide qual cantor ou grupo quer contratar e o contrata sem licitação, ao contrário da lei Rouanet.]