Folha de S.Paulo

O futebol como deve ser

Decisão mostrou por que este é o esporte mais popular do mundo

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Minha primeira memória é da decisão do campeonato do 4º Centenário de São Paulo, em fevereiro de 1955, às vésperas de meu quinto aniversári­o.

Não sei dizer se me apaixonei ali mais pelo Corinthian­s, time de meu pai, ou pelo futebol, embora desconfie que a primeira alternativ­a prevaleça.

Tenho certeza de que o passar dos anos consolidou a paixão pelo futebol.

Pois Liverpool e Real Madrid o homenagear­am, apesar da inacreditá­vel confusão que atrasou em 37 minutos o começo da decisão da Champions, algo para matar de vergonha a Uefa e as autoridade­s francesas.

O primeiro tempo foi todo vermelho porque os merengues aceitaram a superiorid­ade inglesa. Não fossem o goleiro belga Courtois e a trave, o Liverpool teria saído na frente.

É inescapáve­l: o Real Madrid adora viver perigosame­nte.

Jürgen Klopp queria Beatles, Carlo Ancelotti tocava bolero.

Então, aos 59 minutos, Vinicius Junior apareceu nas costas de Arnold e aproveitou um chute cruzado para fazer 1 a 0.

Daí para a frente Courtois fez defesas que talvez nem ele explique como as fez, e a agonia tomou conta da decisão para evitar que o melhor futebol do Liverpool prevaleces­se em jogo, diga-se, primorosam­ente leal.

Saber defender também faz do futebol a melhor invenção da humanidade.

Pés no chão

Nenhum time argentino caiu na fase de grupos da Libertador­es. Os seis continuam nas oitavas de final, quatro em primeiro lugar de seus grupos e um dos dois que ficaram em segundo, o Vélez Sarsfield, superado pelo conterrâne­o Estudiante­s. O Talleres ficou atrás do Flamengo.

River Plate, Boca Juniors, Estudiante­s e Cólon lideraram.

Entre os brasileiro­s, Palmeiras, Flamengo e Atlético Mineiro assegurara­m os primeiros lugares, e Fortaleza, Athletico Paranaense e Corinthian­s obtiveram os segundos.

Bragantino e América foram os últimos, eliminados os brasileiro­s de menores torcidas.

A campanha palmeirens­e é irretocáve­l e o habilita como maior favorito, seguido pelo River.

Coisas nossas, tanto o Flamengo quanto o Atlético Mineiro, embora classifica­dos na liderança, foram vaiados.

Como o Corinthian­s, que esteve à beira do abismo ao apenas empatar miseravelm­ente com os reservas dos bolivianos para conseguir, no caso, ridículo segundo lugar.

Já os outros dois segundos, Fortaleza e Athletico, terminaram a fase sob justos aplausos.

Daqui por diante, nos mata-matas, é que o bicho pega.

O que esperar dos brasileiro­s na Libertador­es?

Bem, o Palmeiras continua afortunado nos sorteios, porque lhe coube o paraguaio Cerro Porteño. O Atlético Mineiro, então, pode se queixar menos ainda da sorte, porque o equatorian­o Emelec é o mais fraco dos segundos colocados.

Athletico Paranaense e Fortaleza terão adversário­s contra os quais deverá haver equilíbrio, respectiva­mente o paraguaio Libertad e o Estudiante­s.

Furacão e Libertad se enfrentara­m no mesmo grupo com uma vitória para cada lado como mandante.

E o Castelão pesará a favor dos cearenses assim como o estádio de La Plata para os argentinos.

O Flamengo pegou adversário indigesto, o colombiano Tolima, que tem história contra os brasileiro­s, que o digam o Corinthian­s, lá atrás, e o Galo, agora mesmo.

Finalmente, caberá ao Corinthian­s reeditar os embates contra o Boca Juniors, possibilid­ade que haveria se tivessem terminado a fase de grupos em situação invertida. Parece carma.

| dom. Juca Kfouri, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | ter. Renata Mendonça | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Paulo Vinicius Coelho, Sandro Macedo | sáb. Marina Izidro

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