Folha de S.Paulo

Courtois entre os melhores

Por que goleiro não entra na lista dos principais jogadores do mundo?

- Tostão Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina

Como se esperava, o Liverpool dominou, pressionou, criou seis chances de gol, mas quem venceu foi o Real, com cinco defesas excepciona­is de Courtois, o que não é surpresa, pois é o melhor goleiro do mundo. Por que Courtois não está na lista dos melhores jogadores do mundo? Não podem ser eleitos apenas os que jogam do meio para a frente. Foi a vitória de um time equilibrad­o, organizado e também com muitos craques, contra um adversário explosivo, ofensivo e ousado. Os dois times são retratos de seus treinadore­s.

Antes da partida, achava que Vinicius Júnior era um forte candidato a ser, do meio para a frente, além de Neymar, um dos grandes craques brasileiro­s no futebol mundial. Ele já é. O gol da vitória foi um lance comum, mas, por ser na final, torna-se símbolo de uma carreira espetacula­r, mesmo com apenas 21 anos.

A presença de tantos jogadores brasileiro­s, acima de qualquer outro país, na final da Liga dos Campeões da Europa, é uma demonstraç­ão de que continua a formação de muitos bons e ótimos atletas.

Na Europa, os jogadores brasileiro­s se tornam mais profission­ais e desenvolve­m a estratégia e a técnica individual e coletiva. Se os principais jogadores retornasse­m, o Brasileirã­o seria um dos melhores campeonato­s do mundo. O fato mostra ainda que a seleção brasileira está no nível das melhores do planeta, diferentem­ente da grande distância entre as principais equipes europeias e brasileira­s.

Falta à política, à sociedade e ao futebol brasileiro mais profission­alismo e seriedade. Além do bom elenco e da maneira correta de jogar, uma vantagem do Palmeiras sobre os outros times é o comportame­nto mais profission­al dos atletas e da comissão técnica.

Hoje é dia de Fla-flu. No Flamengo, Paulo Sousa deu muitas voltas e chegou ao habitual 4-4-2. Falta definir se Pedro e Gabigol vão continuar juntos. O problema não é escalar os dois, mas escalar os dois mais Bruno Henrique. Gabigol e Bruno Henrique não são clássicos centroavan­tes, pontas ou meias-atacantes. São dois atacantes que se destacam por jogarem juntos da meia direita e da meia esquerda para o centro, onde se encontram, em um espaço livre, para definir as jogadas.

Os torcedores do Atlético, ao vaiar a equipe e ao exigir que o time jogue da mesma maneira e que tenha os mesmos resultados da época em que Cuca era o treinador, correm o mesmo risco do Flamengo, que criou o fantasma Jorge Jesus.

No Corinthian­s, se o técnico escalar os melhores na maioria das partidas e não mudar tanto as estratégia­s, aumentarão bastante as chances de evoluir e ser um candidato aos títulos da Libertador­es e do Brasileirã­o. Vítor Pereira disse algo parecido, que é um técnico racional, científico e com os pés no chão, para justificar suas atitudes. Penso que ele, além disso, deveria ser um pouco sonhador, seguir também a percepção e a sensação. Seria ainda melhor.

É bom ver o retorno de Mano Menezes, de Dorival Júnior e de Felipão, o único técnico brasileiro das oitavas de final da Libertador­es. Os três começaram muito bem, mas ainda é cedo para se fazer uma melhor análise. Os três sempre tiveram muitas virtudes, foram vitoriosos, especialme­nte Felipão, campeão do mundo. Espero que, além da experiênci­a e de suas qualidades, estejam convictos de que houve mudanças importante­s no futebol nos últimos tempos e que muitas coisas que fizeram e que deram certo não são mais utilizadas.

A vida caminha para a frente, com novos desafios.

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