Virada Cultural teve arrastões, roubos e ao menos seis esfaqueados no centro
Público relatou omissão das forças de segurança no Anhangabaú, onde ocorreram os principais casos
são paulo A volta neste fim de semana da Virada Cultural de São Paulo foi manchada pela série de relatos de violência na região central da capital. Foram vários os casos de arrastões e roubos e houve pelo menos seis vítimas esfaqueadas perto do local dos shows.
O primeiro caso de esfa queamento foi registrado já na noite do sábado para a madrugada de domingo. Já neste domingo, as polícias Militar e Civil registraram uma briga com cinco vítimas de facadas também nos arredores do vale do Anhangabaú.
Ao menos quatro arrastões foram comunicados às polícias nos lugares onde foram montados os palcos e nas vias de acesso a eles, como as avenidas São João e Ipiranga, além do viaduto do Chá.
O clima de insegurança ficou tão grande em determinados momentos que chegou provocar a interrupção da apresentação do funkeiro Kevinho, no Anhangabaú. Além dos furtos, também pesou na paralisação do espetáculo a série de brigas que pipocavam a todo momento.
O mesmo ocorreu com o show de Luísa Sonza, na tarde de domingo no palco Viaduto do Chá. A cantora chegou a interromper seis vezes a performance, pedindo para que as brigas parassem.
De acordo com a polícia, dois homens foram presos, e três adolescentes foram apreendidos sob a suspeita de furtos de celulares. As vítimas relataram que estavam filmando os shows quando os suspeitos passaram dando tapas para levar os aparelhos.
Além desses casos, outro suspeito foi preso em flagrante por roubo após levar os óculos de um homem que deixava a Virada Cultural no centro. Segundo a vítima, o criminoso pediu dinheiro a ele e, com a recusa, o homem pegou o objeto e saiu correndo.
Ele chegou a localizar o ladrão momentos depois, em frente ao Bar Brahma, no cruzamento das avenidas São João e Ipiranga. Ao tentar recuperar os óculos, porém, foi agredido. O suspeito foi detido pelos seguranças do estabelecimento e entregue à polícia.
De acordo com integrantes da cúpula da segurança pública, outros crimes ocorridos durante a Virada devem ser registrados ao longo dos próximos dias —o que deve elevar a quantidade de casos. Isso por que parte das vítimas percebe o furto só mais tarde ou prefere registrar pela internet, em casa, dias depois.
O caso mais grave registrado pela Polícia Militar foi de um homem, não identificado, que foi esfaqueado na região do largo do Paissandú. De acordo com a porta-voz da PM, a tenente Beatriz Miscow, os motivos desse crime ainda não estão claros —se foi uma tentativa de roubo ou uma briga entre os opresentes.
A Polícia Civil registrou a morte de um homem a facadas durante uma briga no final da noite de sábado, na rua Guaianazes, nos Campos Elíseos. O caso não teve, porém, segundo os policiais, ligação com a Virada Cultural.
Durante as confusões que levaram à paralisação do show de Kevinho, a reportagem não presenciou nenhuma tentativa de intervenção das forças de segurança, que na área de shows era feita prioritariamente por equipes da Guarda Civil Metropolitana.
Procurada, Prefeitura de São Paulo informou que a GCM reforçou o policiamento na região central da cidade por causa dos episódios ocorridos no vale do Anhangabaú. Segundo o município, 540 agentes e 176 viaturas monitoraram o evento, além de outros 15 veículos da Inspetoria de Operações Especiais.
Quanto às queixas em relação à possível omissão dos agentes de segurança, a prefeitura informou que toda denúncia seria apurada.
De acordo com a PM, no entanto, não chegou até este domingo nenhuma reclamação sobre abusos ou irregularidades no trabalho de policiais.
A PM destacou 1.400 homens para os dois dias da Virada. Cerca de 600 deles, ou 43%, estavam na região central. O número de PMs neste ano, contudo, é menor do que em 2019, quando foram destacados 2.300 agentes.
Segundo a polícia, essa redução ocorreu por causa da redução de estimativa de público no evento pela prefeitura — de 5 milhões para 2 milhões.