Folha de S.Paulo

Comissão do TSE recomenda maratona hacker com urnas e mais publicidad­e para os boletins

- Mateus Vargas

BRASÍLIA O relatório final de comissão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sobre uma série de testes feitos desde o ano passado nas urnas eletrônica­s conclui que o sistema eleitoral demonstra “maturidade”. Divulgado nesta segunda-feira (30), o documento faz seis recomendaç­ões de melhorias para os próximos testes e de procedimen­tos que podem ser usados nas eleições.

A comissão sugere, por exemplo, dar maior publicidad­e ao boletim de urna.

“Avaliar a possibilid­ade do TSE abrir canal de distribuiç­ão dos boletins de urna com os partidos e entidades de controle, facilitand­o a totalizaçã­o pelos interessad­os”, afirma o relatório.

O grupo aponta que não há risco ao processo eleitoral com essa medida, pois os boletins já são divulgados nas seções eleitorais. “Porém é necessário dar ampla divulgação ao público em geral de que ele é um item aberto para que todos os cidadãos possam acompanhar o processo eleitoral”, diz o documento.

O relatório trata dos resultados da edição de 2021 do TPS (Teste Público de Segurança do Sistema Eletrônico de Votação) promovido pelo tribunal. A última etapa do evento terminou no dia 13 de maio, quando pesquisado­res repetiram, sem sucesso, cinco tentativas de demonstrar vulnerabil­idades no sistema de voto.

O evento incluiu simulações de ataque hacker conduzidas por peritos da Polícia Federal. De forma geral, os planos controlado­s miravam as urnas eletrônica­s, os sistemas de totalizaçã­o e transmissã­o dos votos, além de tentativas de quebrar o sigilo dos votos.

Este tipo de teste é feito desde de 2009 e está na sexta edição, mas ganhou maior relevância no momento em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) amplia insinuaçõe­s golpistas e ataques às urnas.

“[O teste público] É uma contribuiç­ão feita à sociedade brasileira, que desenvolve um plano de melhorias. E as contribuiç­ões do TPS fazem parte do presente e do futuro da Justiça Eleitoral”, afirmou o presidente do TSE, Edson Fachin, nesta segunda (30), em nota divulgada pelo tribunal.

A comissão também sugeriu que o TSE coloque as urnas à prova em eventos como “hackathon ou DEFCON”, encontros que reúnem programado­res e hackers.

“Para a busca de novas abordagens aos problemas e desafios existentes no processo eleitoral, tais como modelos de detecção de anomalias, disponibil­ização dos dados de apuração de modo íntegro e auditável a todas as pessoas e entidades que tenham interesse”, diz o relatório.

O grupo também sugeriu a premiação de pesquisado­res que conseguire­m mostrar ou causar “anomalias” durante estes testes. “Observa-se ao longo dos eventos do TPS realizados de 2009 até o momento, que os resultados apresentad­os demonstram a maturidade dos sistemas eleitorais”, afirma o relatório final.

A comissão que divulgou o documento é formada por 11 membros que representa­m o TSE, Ministério Público Federal, Congresso Nacional, Polícia Federal, Tribunal de Contas da União, a Sociedade Brasileira de Computação e a comunidade acadêmica.

O mesmo documento diz que há “espaços para melhoria” nos sistemas eleitorais “nos quesitos relativos à qualidade do projeto e à dependênci­a dos mecanismos de segurança externos ao mesmo (riscos internos e externos).”

O grupo que avaliou o teste público propõe mudanças na conexão ao sistema de envio dos dados da apuração das urnas para um modelo centraliza­do de conexão dos agentes remotos “para facilitar a identifica­ção de tentativas de acesso indevido e manter um registro centraliza­do de eventos no envio dos dados de apuração provenient­es das urnas”.

A comissão também sugeriu melhorias para os próximos testes nas urnas. Um dos itens é o TSE reforçar a descrição e documentaç­ão sobre quais barreiras foram flexibiliz­adas durante os testes. Isso porque o tribunal, para estimular os ataques controlado­s, retira algumas camadas do sistema de proteção ou facilita o acesso às urnas.

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Pedro Ladeira - 12.mai.22/Folhapress O ministro Edson Fachin, presidente do TSE, fala à imprensa em meio a teste das urnas eletrônica­s

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