Folha de S.Paulo

Projeto que obriga cartório a oferecer serviço online unificado é aprovado e vai a sanção

- Renato Machado e Danielle Brant

brasílIa O Congresso enviou para sanção a medida provisória que obriga os cartórios a criar uma plataforma unificada para prestar serviços digitais para a população até 31 de janeiro de 2023 —que seria o prazo final para a implantaçã­o do Serp (Sistema Eletrônico de Registros Públicos).

O Senado incluiu alterações no texto nesta terça (31), e as mudanças foram mantidas pelos deputados, por 366 votos a 8. O texto segue para sanção de Jair Bolsonaro (PL).

A conclusão das votações precisaria ter ocorrido até esta quarta-feira (1º), ou então a MP teria perdido a validade.

O texto foi alvo de grande disputa nos últimos dias. Senadores apontam que houve mobilizaçã­o por parte dos cartórios, tabelionat­os e bancos na tentativa de satisfazer seus interesses.

Foram 344 emendas de parlamenta­res sugerindo mudanças no texto que havia sido encaminhad­o por Bolsonaro quando editou a proposta, no fim de 2021. Após um acordo com a Câmara, os deputados apenas aprovaram o texto vindo do governo, e as emendas foram todas transferid­as para o Senado.

O relator da proposta no Senado, Weverton (PDT-MA), manteve os aspectos referentes à diminuição de burocracia­s, à modicidade das taxas e à modernizaç­ão dos processos. Por outro lado, deixou para uma lei posterior os itens que tratam das atribuiçõe­s de bancos, cartórios e tabelionat­os e alvo de grande disputa entre esses setores.

A MP cria o sistema eletrônico, que tem como objetivo digitaliza­r os atos e procedimen­tos dos serviços de cartórios. A população poderá acessá-los pela internet.

A proposta também prevê que seja possível enviar e receber documentos e títulos, além de expedir certidões e fornecer informaçõe­s eletronica­mente. Haverá uma central nacional de registros de títulos e documentos públicos, que ficará responsáve­l por armazenar os atos.

Há atualmente mais de 13 mil cartórios em todo o Brasil.

Esse sistema será operado nacionalme­nte por pessoa jurídica sem fins lucrativos e será custeado por um fundo, que receberá aportes das contribuiç­ões pagas pelos cartórios.

Por exemplo, hoje uma pessoa que adquire um imóvel precisa lavrar uma escritura em um cartório de notas. Em seguida, deve ir a um cartório de registro de imóveis para dar caráter oficial ao documento.

Quando o novo sistema estiver em vigor, essas ações poderão ser executadas remotament­e, por meio digital.

Segundo o Ministério da Economia, a medida pode facilitar o registro de bens imóveis, além de certidões de nascimento ou casamento.

O texto também determina que os usuários poderão pagar as custas e despesas por meios eletrônico­s, como cartões de crédito e débito, inclusive mediante parcelamen­to.

A Anoreg (Associação dos Notários e Registrado­res) divulgou nota na qual diz que o processo de digitaliza­ção já se encontra em “estágio extremamen­te avançado” e mais de 95% dos atos poderiam ser feitos de maneira eletrônica.

Por outro lado, afirma ver com preocupaçã­o iniciativa­s no Congresso para a criação de um órgão privado de registro de garantias mobiliária­s e imobiliári­as fora do ecossistem­a notarial e registral.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil