Angela Machado descarta aliança com Requião, mas defende Lula
bElo HorIZoNtE Pré-candidata do PSOL ao Governo do Paraná, a professora Angela Machado afirmou que descarta uma aliança com o candidato do PT, Roberto Requião, no primeiro turno. Apesar disso, ela disse ser favorável ao voto no ex-presidente Lula para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Disse ainda, nesta quarta (1º), na sabatina promovida pela Folha e pelo UOL, que derrotar Bolsonaro é a tarefa número um de seu partido.
Para ela, mesmo defendendo inicialmente candidatura própria do PSOL à Presidência, hoje vê Lula como importante ferramenta para evitar a reeleição do mandatário.
Apesar disso, afirmou discordar de políticas promovidas e defendidas pelo PT. “Esse governo de conciliação de classes não nos representa. Nós somos diferentes, mas, para esse projeto de varrer o Bolsonaro da Presidência, a gente tem que apoiar o presidente Lula, sim”, afirmou.
Mas ela descartou a possibilidade de aliança com o ex-governador Requião no primeiro turno da eleição estadual.
“Nos estados, cada um tem uma realidade diferente. Aqui no Paraná, optamos por candidatura própria, justamente para mostrar o nosso programa, nossas propostas e nossas bandeiras. Estamos fazendo um programa a muitas mãos, com a ajuda de intelectuais e movimentos sociais, que estão se debruçando e fazendo um diagnóstico preciso das necessidades do estado”, afirmou.
“Para um segundo turno, a gente vai ver o que for preciso para derrotar o Ratinho Jr. [PSD], inimigo número um dos paranaenses no momento entre os candidatos”, disse.
Sobre um possível golpe, caso o atual presidente perca as eleições, disse não acreditar nesse cenário. Segundo ela, Bolsonaro não tem apoio irrestrito das Forças Armadas,
Para ela, desafio maior que derrotar o atual presidente será combater o bolsonarismo.
“Precisamos derrotar o bolsonarismo, que vai muito além do Bolsonaro. É tudo isso que fez surgir no bojo da candidatura dele, as atitudes de pessoas que se sentem empoderadas para serem racistas, machistas, homofóbicas e desrespeitarem as instituições e a democracia”, disse ela.
Angela também defendeu o direito a greve de policiais militares, como outros trabalhadores —hoje vetada. Para ela, uma solução seria a desmilitarizara Polícia Milita reinvestirem Guardas Municipais.
“O problema do direito de greve dos policiais militares é justamente por serem militares. Claro que eu defendo o direito deg revede todot rabalha dor. É um instrumento legal em todas as outras categorias eé aforma dese negociarem melhores condições de trabalho”, disse a candidata.
Segundo ela, é uma luta justa por parte dos policiais militares e de todo o funcionalismo público do Paraná. A candidata afirmou que os servidores do estado estão há seis anos sem reajuste. De acordo com ela, neste ano foi feita uma reposição de 3%, mas as perdas são de mais de 30%.
Questionada sobre a capacidade de uma polícia desmilitarizada combater ações como a tentativa de assalto realizada em Guarapuava, em abril, quando mais de 30 pessoas tentaram assaltar uma empresa de transporte de valores, respondeu que “uma polícia mais humanizada também pode fazer frente a tudo isso. Nunca vou conseguir conceber que a agressão e a violência vão resolver todos os problemas. Desmilitarizar não quer dizer que a polícia não vai usar arma nenhuma, que vai estar só conversando com o infrator. Quer dizer que precisamos de um efetivo melhor, mais bem treinado, mais qualificado e mais valorizado”.
Se disse contrária às escolas militares e à aprovação do homeschooling, o ensino domiciliar, e afirmou que não irá governar para o agronegócio. “O Paraná se orgulha de ser um dos grandes produtores de soja, mas temos pessoas passando fome, com subempregos e na miséria”, disse ela.
“O agronegócio já vai muito bem e não precisa do nosso governo. Vamos governar para o pequeno produtor, a agricultura familiar, os produtores de produtos orgânicos”, afirmou.
As sabatinas são apresentadas pelo colunista do UOL Kennedy Alencar e tem participação dos jornalistas Alberto Bombig, do UOL, e Ana Luiza Albuquerque, da Folha.