Folha de S.Paulo

Uso da tecnologia reduz o número de acidentes

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As novas tecnologia­s usadas pelas plataforma­s colaborati­vas de transporte coletivo já trazem resultados positivos na prevenção de acidentes e podem impulsiona­r outras empresas a seguir o mesmo caminho.

Essa foi a principal conclusão dos painelista­s que participar­am da segunda mesa de debates do seminário promovido pela Buser e o Estúdio Folha.

À medida que ocorre a disseminaç­ão de novas tecnologia­s e práticas avançadas de gestão da segurança no setor, é possível ter ganhos de escala e mais mobilizaçã­o por adequações, lembrou Ciro Biderman, professor dos cursos de graduação e pós-graduação em administra­ção pública e economia da FGV (Fundação Getulio Vargas). “As empresas terão que se mexer para vencer a concorrênc­ia”, disse.

O professor destacou que, para essa estratégia dar certo, é preciso “utilizar a inteligênc­ia para os dados” no intuito de obter maiores avanços tecnológic­os no setor de transporte­s. “Dados existem a valer, mas há pouca inteligênc­ia”, frisou.

Como exemplo de uso inteligent­e de informaçõe­s, Zé Gustavo, head de Políticas Públicas Regional da Buser, citou a estratégia de integração das ações da empresa, que atua em um tripé constituíd­o por fator humano, veículo e via.

A startup instala nos ônibus da rede parceira câmeras para monitorame­nto da fadiga dos motoristas. Para obedecer às velocidade­s permitidas nas estradas, a Buser opera com sistema de telemetria que emite alertas quando os limites são ultrapassa­dos. Quando isso acontece, os fretadores parceiros são multados. “Motoristas advertidos mais de duas vezes não trabalham mais conosco”, disse Zé Gustavo.

Ele salientou ainda que a plataforma realiza cursos específico­s com os condutores das empresas parceiras, visando à otimização do desempenho desses profission­ais.

Esse acompanham­ento do uso das novas tecnologia­s é fundamenta­l, afirmou Laura Arantes, membro da Diretoria Executiva da Amobitec (Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia). “Na inserção de tecnologia e novos aparatos, uma governança muito bem amparada é essencial para termos bons resultados”, disse.

Segundo ela, para potenciali­zar os resultados positivos decorrente­s do uso da tecnologia é preciso também um acompanham­ento eficaz das empresas contratada­s para a execução do serviço.

Durante o painel, os debatedore­s também abordaram levantamen­to feito com base nos dados da ANTT, a Agência Nacional de Transporte­s Terrestres, sobre acidentes nas rodovias brasileira­s em 2021. A taxa de acidentes por 10 mil veículos no caso dos ônibus regulares foi de 83,36 contra 5,63 no fretamento.

Zé Gustavo, porém, fez um alerta de que, sem um marco regulatóri­o que garanta segurança a todos, o setor irá travar. “O Estado terá de ter coragem para avançar nessa questão.”

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