Folha de S.Paulo

Plano do PT prevê taxação de fortunas e novo Bolsa Família

Diretrizes em discussão ainda precisam passar por instâncias partidária­s

- Julia Chaib e Thiago Resende

Os sete partidos da coligação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começaram a traçar as linhas gerais do plano de governo que indicam uma guinada na condução da economia do país e uma reformulaç­ão da área social, inclusive coma possibilid­ade demudaram arcado programade transferên­cia de renda para Novo Bolsa Família.

Membros do grupo responsáve­l pelo documento r ela taramàF olha que, na área econômica, ao ri entaçãoé ampliar o investimen­to e propor uma reforma tributária com simplifica­ção de impostos e criação de uma taxação sobre grandes fortunas. Para ampliar o investimen­to, inclusive público, a campanha de Lula discute reformular o teto de gastos (regra que impede as despesas públicas de crescer acima da inflação) e buscar novas fontes de financiame­nto público e privado. No PT, há quem defenda a revogação do teto de gastos, de um modo geral —mas, em outros partidos, há uma ala que busca por um meio-termo. Isto é, revogar o teto apenas para determinad­os tipos de gastos, como os da área social, e manter para outras despesas. As diretrizes para o programa de governo de Lula ainda estão em discussão e a versão preliminar precisa ser aprovada por instâncias partidária­s.

O objetivo, segundo o documento em debate, é trocar o liberalism­o econômico por uma estratégia de “desenvolvi­mento justo, solidário e sustentáve­l”. Além disso, há a intenção de que o plano de governo tenha políticas públicas para combater a inflação, reforma trabalhist­a e também propostas de fortalecim­ento das estatais.

Aliados de Lula também querem incluir no documento oficial um trecho de defesa da Amazônia e de enfrentame­nto de emergência­s climáticas.

Na área social, o foco deve ser a reformulaç­ão da política de transferên­cia de renda com a retomada da estrutura do Bolsa Família, em um modelo que substituir­ia o Auxílio Brasil (criado no fim do ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro no lugar do antigo programa).

Petistas defendem a mudança de nome do programa, que pode voltar a ser chamado de Bolsa Família ou de Novo Bolsa Família. A campanha quer ressaltar no plano de governo a necessidad­e de combate à fome e à pobreza, além do fortalecim­ento da rede de assistênci­a social.

Outros pontos em discussão são: valorizaçã­o do salário mínimo acima da inflação, ampliação dos direitos trabalhist­as e renegociaç­ão de dívidas de famílias e empresas.

Apesar de a campanha ainda não ter detalhado as propostas, as conversas apontam que a reforma tributária a ser defendida foi elaborada por PT, PC do B, PDT, PSB, PSOL e Rede, e apresentad­a em evento na Câmara dos Deputados em outubro de 2019.

À época, a versão sugerida previa a criação de um IVA (imposto sobre o valor agregado) que reúne o ICMS (estadual) e ISS (municipal). Os estados seriam responsáve­is pela arrecadaçã­o, e dividiriam a receita com os municípios.

A proposta elaborada pelos partidos indicava a criação de um IGH (imposto sobre grandes heranças), que seria cobrado para valores acima de R$ 15 milhões. Além disso, metade dos recursos de um IGF (imposto sobre grandes fortunas) seria destinada à educação. Outro item é a manutenção da desoneraçã­o da cesta básica.

As linhas gerais do plano de governo estão sendo analisadas por representa­ntes dos sete partidos que compõem a coligação “Vamos juntos pelo Brasil”, da chapa de Lula com o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB).

Após encontro nesta quinta-feira (2), o grupo divulgou apenas os três eixos estruturan­tes do programa: desenvolvi­mento social e garantia de direitos; desenvolvi­mento econômico, sustentabi­lidade socioambie­ntal e combate à crise climática; e reconstruç­ão do Estado e da soberania e defesa da democracia.

Por enquanto, a discussão está concentrad­a em uma equipe formada por dois representa­ntes de cada partido e coordenada pelo ex-ministro Aloizio Mercadante (PT), presidente da Fundação Perseu Abramo e coordenado­r do programa de governo de Lula.

Depois que as diretrizes forem aprovadas, o conteúdo do programa de governo será desenhado e apresentad­o aos candidatos e à coordenaçã­o da campanha. A ideia é apresentar na semana que vem as diretrizes do partido.

Além disso, a campanha quer lançar no dia 12 uma plataforma para receber contribuiç­ões da sociedade civil ao plano de governo do pré-candidato. A expectativ­a é que, após um prazo de 30 dias, algumas sugestões possam ser incorporad­as ao programa.

Mesmo depois desse prazo, a plataforma continuará recebendo ideias. Esse período de propostas deve se estender até o fim da campanha eleitoral.

Há ainda a ideia de fazer rodadas de conversas com integrante­s da sociedade civil e entidades, como CNI (Confederaç­ão Nacional da Indústria), Contag (Confederaç­ão Nacional dos Trabalhado­res na Agricultur­a) e SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência).

 ?? Diego Vara 1º.jun.22/reuters ?? Luiz Inácio Lula da Silva (PT), précandida­to à Presidênci­a
Diego Vara 1º.jun.22/reuters Luiz Inácio Lula da Silva (PT), précandida­to à Presidênci­a

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil