Folha de S.Paulo

Mundial é referência única

Os três últimos campeões foram eliminados na fase de grupos no torneio seguinte

- Paulo Vinícius Coelho Jornalista e autor de “Escola Brasileira de Futebol”. Cobriu seis Copas e oito finais de Champions

Faz vinte anos nesta sexta-feira (3) que o Brasil estreou a campanha do penta, com vitória por 2 a 1 sobre a Turquia. A primeira página do caderno Copa da Folha estampava a foto de Ronaldo, junto ao árbitro Kim Young Joo, da Coreia do Sul, e o título: “Os craques da rodada.”

O Fenômeno foi melhor em campo de um jogo vencido com a ajuda de Kim. O gol da vitória sobre a Turquia nasceu de um pênalti inexistent­e, falta sobre Luizão fora da área. Rivaldo converteu aos 42 do segundo tempo e o país seguiu desconfian­do da seleção, julgando Argentina e França as maiores forças da Copa do Mundo.

Argentinos e franceses caíram na fase de grupos

Hoje, a Argentina ostenta sua maior série invicta da história, 32 jogos sem perder, a França não perde há 14 partidas etemo time, aparenteme­nte, mais poderoso do planeta, com Mbappé e Benzema.

O Brasil jogou bem o amistoso contra a Corei ado Sule goleou a defesa menos vaza dadas eliminatór­ias da Ásia. Nunca a seleção havia marcado cinco gols em confrontos contra os sul-coreanos. Não dá para desprezara atuação, como não se devia minimizar uma vitória contra a Turquia, forte naquela época aponto determinar o Mundial em terceiro lugar.

Só que, desta vez, haveria um pouco mais de parâmetro se a seleção vencesse a Itália, ou um rival europeu, por 3 a 0, como fez a Argentina.

A verdade é que a Copa do Mundo, e apenas ela, nos dará referência­s exatas. Os sul-americanos não enfrentam europeus e a recíproca é verdadeira. A Alemanha também adoraria medir-se contra Brasil e Argentina. Sob o comando de Hansi Flick, ganhou oito partidas e empatou uma. jogou duas vezes contra Liechtenst­ein, duas contra Armênia, uma contra Israel. O empate aconteceu no único clássico, contra a Holanda.

Como o Brasil, a Coreia do Sul não enfrenta um rival da Europa desde 2019 e não vence nenhum desde 2018, quando bateu os alemães, então campeões, e os mandou de volta para Berlim na fase de grupos.

O futebol de seleções está tão surpreende­nte aponto de as últimas três Copas terem eliminado o campeão na primeira fase.

A Itália, vencedora de 2006, caiu em 2010 com empate contra a Nova Zelândia e derrota para a Eslováquia. A Espanha saiu, em 2014, levando 5 a 1 da Holanda e 2 a 0 do Chile. A Alemanha, em 2018, após perder da Coreia do Sul por 2 a 0.

O equilíbrio e imprevisib­ilidade dos jogos de seleções estão diretament­e ligados ao número de nacionalid­ades escaladas nas partidas de alto nível entre os clubes. Quando o sul-coreano Son é artilheiro do Campeonato Inglês, empatado com o egípcio Salah, é porque tanto o Egito, quanto a Coreia do Sul têm jogadores capazes de desequilib­rar marcadores e ganhar partidas improvávei­s.

O conheci men toé a única coisa deste planeta que aumenta quando se divide.

O artilheiro do Campeonato Inglês é sul-coreano, não italiano. E, no entanto, todos continuamo­s julgando mais respeitáve­l ganhar da Itália, que está fora da Copa do Mundo, do que da Coreia do Sul.

De verdade mesmo, falta parâmetro depois de dois anos de pandemia e com poucos confrontos entre seleções de continente­s diferentes.

Não é exatamente uma novidade.

Quando a Copa do Mundo da Ásia começou, vinte anos atrás, as referência­s do futebol mundia leram França e Argentina, como parece ms ernesta semana.

Naquele mês, o Brasil saiu de azarão para campeão. Da desconfian­ça de ganhar pelo auxílio do árbitro, paras e tornara única seleção campeã vencendo sete jogos. Quando Pelé ganhou em 1970, o mais perfeito time da história só precisava jogar seis vezes.

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