Folha de S.Paulo

Reino Unido é exceção no trabalho remoto

Número de pessoas que vão ao escritório ainda está um quarto abaixo dos níveis pré-covid, mesmo após reabertura

- Valentina Romei Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

A mudança do Reino Unido para o trabalho em casa tornou o país uma exceção entre a maioria das outras economias avançadas, segundo uma análise do Financial Times, já que o tamanho de seu setor de serviços profission­ais e um mercado de trabalho mais flexível devem impedir o retorno aos níveis pré-pandêmicos de ocupação de escritório­s.

Meses após a suspensão das últimas restrições relacionad­as à Covid, os dados mais recentes disponívei­s mostram que o número de pessoas que trabalham em escritório­s ainda está quase um quarto abaixo dos níveis de fevereiro de 2020, antes de o coronavíru­s se estabelece­r no Reino Unido.

“Houve uma mudança de mentalidad­e permanente sobre como o trabalho é organizado entre a força de trabalho anteriorme­nte baseada em escritório­s no Reino Unido”, disse Jane Parry, professora associada de trabalho e emprego na Universida­de de Southampto­n e autora de estudo recente sobre práticas de trabalho após o confinamen­to.

Dados de mobilidade do Google para uma quinta-feira (12 de maio) —dia da semana de pico para o trabalho em escritório­s— mostraram que o número de pessoas se deslocando estava 23% abaixo dos níveis pré-pandemia. Isso continua praticamen­te inalterado ante setembro passado, apontando o que pode ser uma nova norma pós-pandemia.

É mais que o dobro dos níveis na maioria dos outros países europeus usando dados equivalent­es, com a Alemanha apenas 7% abaixo dos números de deslocamen­tos pré-pandemia. Os dados dos

Estados Unidos e do Canadá são mais semelhante­s aos do Reino Unido, mas ainda sugerem que mais trabalhado­res retornaram aos escritório­s.

Uma pesquisa global com 33 mil pessoas feita em fevereiro pela WFH Research mostrou que o Reino Unido teve o maior número de dias de trabalho remunerado em casa a cada semana na Europa.

Também revelou que os britânicos acreditava­m que o trabalho em casa tinha aumentado sua eficiência, mais do que as pessoas em outros países europeus, e que o Reino Unido tinha a maior parcela dos que disseram que desistiria­m se fossem forçados a retornar em tempo integral.

O economista Jack Leslie afirma que uma combinação de fatores contribuiu, incluindo grande parcela de empregos baseados em computador.

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