Reino Unido é exceção no trabalho remoto
Número de pessoas que vão ao escritório ainda está um quarto abaixo dos níveis pré-covid, mesmo após reabertura
A mudança do Reino Unido para o trabalho em casa tornou o país uma exceção entre a maioria das outras economias avançadas, segundo uma análise do Financial Times, já que o tamanho de seu setor de serviços profissionais e um mercado de trabalho mais flexível devem impedir o retorno aos níveis pré-pandêmicos de ocupação de escritórios.
Meses após a suspensão das últimas restrições relacionadas à Covid, os dados mais recentes disponíveis mostram que o número de pessoas que trabalham em escritórios ainda está quase um quarto abaixo dos níveis de fevereiro de 2020, antes de o coronavírus se estabelecer no Reino Unido.
“Houve uma mudança de mentalidade permanente sobre como o trabalho é organizado entre a força de trabalho anteriormente baseada em escritórios no Reino Unido”, disse Jane Parry, professora associada de trabalho e emprego na Universidade de Southampton e autora de estudo recente sobre práticas de trabalho após o confinamento.
Dados de mobilidade do Google para uma quinta-feira (12 de maio) —dia da semana de pico para o trabalho em escritórios— mostraram que o número de pessoas se deslocando estava 23% abaixo dos níveis pré-pandemia. Isso continua praticamente inalterado ante setembro passado, apontando o que pode ser uma nova norma pós-pandemia.
É mais que o dobro dos níveis na maioria dos outros países europeus usando dados equivalentes, com a Alemanha apenas 7% abaixo dos números de deslocamentos pré-pandemia. Os dados dos
Estados Unidos e do Canadá são mais semelhantes aos do Reino Unido, mas ainda sugerem que mais trabalhadores retornaram aos escritórios.
Uma pesquisa global com 33 mil pessoas feita em fevereiro pela WFH Research mostrou que o Reino Unido teve o maior número de dias de trabalho remunerado em casa a cada semana na Europa.
Também revelou que os britânicos acreditavam que o trabalho em casa tinha aumentado sua eficiência, mais do que as pessoas em outros países europeus, e que o Reino Unido tinha a maior parcela dos que disseram que desistiriam se fossem forçados a retornar em tempo integral.
O economista Jack Leslie afirma que uma combinação de fatores contribuiu, incluindo grande parcela de empregos baseados em computador.