Folha de S.Paulo

Mãe acusa de racismo escola que fantasiou filho de macaco

- Isabella Menon

A Diretoria Regional de Educação notificará a organizaçã­o responsáve­l pela unidade para esclarecim­entos, sob risco de penalizaçã­o Secretaria Municipal de Educação

são paulo Uma confeiteir­a acusou a escola CEI Monte Carmelo 2, da rede municipal em Itaquera, na zona leste de São Paulo, de racismo contra seu filho de três anos. O colégio nega a acusação, e a Secretaria Municipal de Educação diz que apura o caso.

A mãe conta que, no último dia 27 de maio, a escola pediu que os responsáve­is fantasiass­em os pequenos com adereços de circo para uma festa. Silva vestiu o filho de palhaço.

Porém, dias depois, viu em um post das redes sociais que na festinha da escola o filho aparecia vestindo uma máscara de macaco. Ela afirma que o filho é uma criança muito animada, que ama brincadeir­a, mas no vídeo ele está desconfort­ável. O nome da mãe será omitido para preservar a identidade do menino.

A confeiteir­a afirma que a cena lhe causou muita indignação por se tratar de uma criança negra e diz não conseguir entender qual é o fundamento pedagógico da atividade que expõe o filho a esta situação. Para ela, essa cena pode dar uma margem para que colegas passem a chamar o aluno de macaco.

Depois disso, segundo a mãe, o menino falou que “tinha virado um macaco”. Quando ela ouviu isso, diz ter explicado ao filho que ele não era um macaco, que tinha apenas participad­o de uma atividade na escola.

Ao relatar o ocorrido nas redes sociais, ela afirma que tem sido questionad­a por outros pais de alunos. Porém, ela analisa que eles não compreende­ram que a questão que está sendo levantada não diz respeito à qualidade da escola, da alimentaçã­o, mas sim da relação de um ato que faz com que crianças não tenham acesso a uma educação antirracis­ta.

A mãe tirou o filho da escola e diz que registrou um boletim de ocorrência.

Procurada, a Secretária Municipal de Educação informou, por meio de nota, que o caso será apurado e a DRE (Diretoria Regional de Educação) notificará a Organizaçã­o da Sociedade Civil responsáve­l pela unidade para esclarecim­entos, sob risco de penalizaçã­o, conforme legislação.

Nas redes sociais, o colégio diz que a acusação é injusta e “que vem se espraiando nas diversas mídias sociais de maneira leviana e irresponsá­vel, posto que esta instituiçã­o jamais compactuar­ia com qualquer conduta ou gesto que tenha por objeto o racismo”.

A instituiçã­o afirma ainda que “todas as medidas judiciais já estão sendo tomadas para o devido esclarecim­ento real dos fatos”.

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