Folha de S.Paulo

Nota técnica da Saúde contraria Queiroga e recomenda uso de máscaras

- Thaísa Oliveira Colaborou Raquel Lopes

BRASÍLIA O Ministério da Saúde contrariou o próprio chefe da pasta, Marcelo Queiroga, ao afirmar em nota técnica que medidas como o uso de máscaras e o distanciam­ento social devem ser encorajado­s diante do aumento de casos de Covid-19.

A orientação está no ofício que liberou a vacina contra a Covid para pessoas com 50 anos ou mais, publicado no sábado (4). O documento foi elaborado pela Secretaria Extraordin­ária de Enfrentame­nto à Covid-19.

“Além disso, medidas não farmacológ­icas (distanciam­ento e uso de máscaras) devem ser encorajada­s no atual momento epidemioló­gico”, diz o texto. A média móvel de novos casos por dia mais que dobrou na comparação com duas semanas atrás.

No sábado, Queiroga afirmou que não vê motivos para obrigar a população a usar máscara no momento atual. “Se você quer usar máscara, você use. As pessoas se sentem confortáve­is usando máscara, podem usar. Não tem problema. Agora, nós entendemos que, no momento atual, não há motivo para obrigar o uso de máscaras”, disse à TV Record.

Nesta segunda-feira (6), voltou a minimizar a importânci­a das máscaras e afirmou, incorretam­ente, que o uso não tem benefícios comprovado­s.

“O uso obrigatóri­o de máscara não tem benefício comprovado. O que funciona é as pessoas aderirem às políticas e isso é mais efetivo. Se você quer usar máscara, usa”, disse em uma unidade básica de saúde em Brasília, ao tomar a quarta dose da vacina.

Na sexta (3), afirmou que “a obrigatori­edade do uso de máscaras é uma bobagem sem precedente­s”. Para ele, “a população é esclarecid­a e usa as máscaras se se sentir confortáve­l com elas”.

Na quinta (2), foi na mesma linha ao dizer que usar máscara ou não “é um direito de cada um”. Em entrevista­à Folha, o ministro afirmou que a máscara, “às vezes, serve até como posicionam­ento político”.

A Folha perguntou ao Ministério da Saúde qual é a orientação sobre o uso de máscaras, mas não houve resposta até a publicação da reportagem.

O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Fernando Pigatto, afirma que, para não desagradar ao presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministério dá à população orientaçõe­s ambíguas desde o início da pandemia.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil