Folha de S.Paulo

Biden quer usar parcerias econômicas para aliviar desgaste sobre Cúpula das Américas

- Rafael Balago

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, usará a cerimônia de abertura oficial da Cúpula das Américas, nesta quarta (8), para divulgar novas parcerias econômicas com países do continente.

Trata-se de uma tentativa de cumprira ideia americana deu saro evento paras e reaproxima­r dos vizinhos e reafirmara liderança sobre a região, abalada após a gestão de Donald Trump —que, aliás, faltou à edição de 2018 da cúpula. Biden, porém, iniciará o encontros obdes confiança: o desgaste coma decisão de não convidar líderes de Cuba, Nicarágua e Venezuela resultou em ausências simbólicas, incluindo ade dirigentes de países que são o principal alvo desse pacote.

O discurso do americano está marcado para as 17h, no horário local (21h em Brasília). O principal anúncio deve ser de uma verba de US$ 300 milhões para combater a falta de alimentos na região, uma reforma do BID (Banco Interameri­cano de Desenvolvi­mento) e programas ligados a energia limpa e redução de poluentes, segundo um alto funcionári­o da Casa Branca, além de mais parcerias na área da saúde e na defesa da biodiversi­dade.

O valor do pacote contrasta com o anúncio feito por Kamala Harris, nesta terça (7), de investimen­tos que devem ser feitos pelo setor privado em novos negócios na América Central: US$ 1,9 bilhão. A vice tem sido destacada por Biden para tratar de temas da região —há um ano, ela foi à Guatemala para discutir a crise migratória e deu o recado de “não venham [aos EUA]” a quem pensava em entrar irregularm­ente no país.

Realizada desde 1994, a cúpula é o maior fórum internacio­nal do continente. Os EUA sediam o evento pela segunda vez. De 34 países, 8 decidiram não mandar seus chefes de Estado e 3 não foram convidados, em um sinal do distanciam­ento com Washington.

Há casos como o do uruguaio Luis Lacalle Pou, que cancelou a viagem por ter contraído Covid, mas outros usaram a decisão de não chamar os líderes de Cuba, Nicarágua e Venezuela, ditaduras considerad­as párias pelos EUA, como forma de marcar posição.

É o que fizeram o boliviano Luis Arce e o mexicano Andrés Manuel Lopez Obrador. A hondurenha Xiomara Castro manteve a posição de não ir mesmo após receber telefonema de Kamala, no fim de maio.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) deve chegar a Los Angeles na quinta (9), e ter uma reunião bilateral com Biden na mesma data —será a primeira conversa dos dois líderes desde que o democrata chegou ao poder. Na noite de sexta (10) o brasileiro viajará a Orlando, na Flórida, onde deve inaugurar um vice-consulado e se encontrar com apoiadores.

Nesta terça, em entrevista ao SBT News, Bolsonaro voltou a falar na possibilid­ade fantasiosa de o pleito dos EUA de 2020 ter sido fraudado. “Quem diz [sobre fraude] é o povo americano. Eu não vou entrar em detalhe na soberania de um outro país. Agora, o Trump estava muito bem e muita coisa chegou para a gente que a gente fica com o pé atrás. A gente não quer que aconteça isso no Brasil”.

O presidente brasileiro só decidiu viajar aos EUA depois de receber um emissário de Biden em Brasília. O ex-senador Christophe­r Dodd disse que o governo americano não pretende criar constrangi­mentos para o líder brasileiro durante o evento.

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