Rússia anuncia ter tomado áreas residenciais de Severodonetsk
são paulo Após dias de combates intensos na região do Donbass, a Rússia anunciou nesta terça-feira (7) ter feito avanços e “libertado completamente” as áreas residenciais de Severodonetsk, cidade vital para a tomada da região de Lugansk, no leste da Ucrânia.
De acordo com o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Choigu, as tropas de Moscou agora controlam 97% do território de Lugansk, onde há maioria étnica russa —a estimativa não pôde ser confirmada de forma independente.
Severodonetsk é o foco dos russos no Donbass há semanas. Caso seja tomada, a vizinha Lisitchansk seria a última cidade que Moscou precisaria capturar para obter controle total da província. No domingo (5), relatos de êxitos da Ucrânia na área levantaram dúvidas sobre o domínio das forças de Putin na região.
Também no leste da Ucrânia, mas fora do Donbass, Kharkiv, a segunda maior cidade do país, voltou a ser bombardeada nesta terça. Ao menos uma pessoa morreu e outras três ficaram feridas, segundo informações dadas pelo prefeito Ihor Terekhov.
Embora Moscou relate progresso nos campos de batalha, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, voltou a refutar a ideia de que seu país faça alguma concessão territorial para encerrar a guerra.
“Já perdemos gente demais para simplesmente ceder nosso território”, disse Zelenski em entrevista dada em um evento do jornal britânico Financial Times. Ele classificou o conflito de “guerra pela independência e liberdade” da Ucrânia e fez novo apelo por apoio militar ocidental.
Em Donetsk, o líder separatista Denis Puchilin apontou a morte de mais um general russo no conflito. Pelo Telegram, ele enviou “sinceras condolências à família e amigos” de Roman Kutuzov.
Também nesta terça, o governo ucraniano repisou críticas à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) por querer visitar a usina de Zaporíjia, a maior da Europa, dominada pelas forças russas desde o início da invasão.
A Energoatom, agência estatal que opera as centrais atômicas ucranianas, disse em comunicado que a visita será possível apenas quando a Ucrânia retomar o controle do local. Segundo a empresa, a decisão da AIEA legitima a presença dos ocupantes, funcionando como aprovação dos atos russo.
Na segunda, o chefe da AIEA, Rafael Grossi, disse que há um “risco claro e presente para a segurança” em Zaporíjia. Não há data para a visita.
Com mais de três meses de conflito, denúncias de crimes de guerra e violação dos direitos humanos continuam sendo feitas. A enviada especial da ONU Pramila Patten disse que a violência sexual na Ucrânia continua predominante.
Patten citou ter recebido ao menos 124 denúncias de violência sexual, 97 das quais teriam sido cometidas contra mulheres e meninas. As ocorrências envolvem estupro, estupro coletivo, nudez forçada e abuso de crianças.