Folha de S.Paulo

Início, meio e fim

Caminho é nebuloso no Brasileiro, ainda mais equilibrad­o neste ano

- Tostão Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina | dom. Juca Kfouri, Tostão | seg. Juca Kfouri, Paulo Vinicius Coelho | ter. Renata Mendonça | qua. Tostão | qui. Juca Kfouri | sex. Paulo Vinicius Coelho, S

A diferença entre o jogo do Brasil contra o Japão e o duelo com a Coreia do Sul foi a dura marcação dos japoneses, às vezes, com muitas faltas, especialme­nte em Neymar. Foi um bom teste. É o que vai ocorrer na Copa.

Tite usou, durante a partida, as opções táticas que pretende utilizar no Mundial. O time começou sem centroavan­te, com Neymar e Paquetá formando uma dupla pelo centro. Depois, Richarliso­n entrou, e Paquetá foi para a esquerda, no lugar de Vinicius Junior. Por fim, com a saída de Fred, Paquetá foi recuado. Continua a dúvida sobre a melhor alternativ­a tática. Tite usou também Militão como um zagueiro-lateral, pela direita, pensando em uma emergência na Copa do Mundo.

Nos últimos dias, com exceção de Portugal, que empatou com a Espanha e goleou a Suíça, as melhores seleções europeias foram mal. Tenho dúvidas se elas, que usam os amistosos para fazer experiment­ações, jogam a nova Liga das Nações como uma competição oficial e importante ou como amistosa.

As principais seleções europeias, cada vez mais, há tempos, têm dificuldad­e de vencer as seleções médias, mesmo em jogos importante­s. A Croácia é vice-campeã mundial. A Itália não vai à Copa, e Portugal quase ficou fora. A França, na última Eurocopa, foi eliminada pela Suíça. Isso é um alerta para o Brasil, que, na fase de grupos, vai enfrentar duas seleções médias da Europa, Suíça e Sérvia.

Em todas as competiçõe­s, as equipes médias e pequenas evoluíram no posicionam­ento defensivo e na execução dos contra-ataques. Com o tempo, tem aumentado a importânci­a do jogo coletivo ou haveria uma aproximaçã­o na qualidade individual das equipes?

Há ainda outras situações invertidas, como a de times inferiores, na Europa e no Brasil, pressionar­em e terem o domínio da bola contra os grandes, como fez o Fortaleza na vitória sobre o Flamengo, no Maracanã.

Existe também um excesso de jogos na Europa, o que só ocorria na América do Sul. De Bruyne reclamou, dias atrás, que há oito anos não tira férias completas. Os milionário­s têm comprado os clubes e espalhado as transmissõ­es para os novos meios de comunicaçã­o. A maioria dos atletas gosta, porque ganha mais. Com isso, pioram a atuação dos jogadores e a qualidade das partidas.

Tite e a comissão técnica conhecem, nos detalhes, todos os adversário­s e já pensaram em todas as opções. O problema é quando surge um fato inesperado, um centroavan­te, como Lukaku, deslocado para a direita, acompanhad­o pelo zagueiro, deixando a defesa descoberta, para a chegada e finalizaçã­o de De Bruyne, como na eliminação do Brasil na Copa de 2018.

A dificuldad­e de as equipes grandes ganharem das pequenas ocorre também no Brasileirã­o, neste ano ainda mais equilibrad­o. O que vai ocorrer daqui para a frente? Não sabemos. Só dá para conhecer o início e o fim. O caminho é nebuloso.

“Na partida, queremos ganhar o mundo. No fim, ter só a consciênci­a em paz. Entre um ponto e outro, a história.” (José Paulo Cavalcanti)

Na sexta-feira, dia 10, o advogado e escritor pernambuca­no José Paulo Cavalcanti toma posse na Academia Brasileira de Letras, no Rio de Janeiro. José Paulo, entre tantas atividades, foi membro da Comissão Nacional da Verdade, que investigou os crimes da ditadura a partir de 1964. Escreveu belos livros, como “Fernando Pessoa, quase uma Autobiogra­fia”, premiado no Brasil e em todo o mundo, sobre a vida e a obra do grande poeta português.

 ?? Chico Ferreira/Futura Press/Folhapress ?? CUIABÁ VENCE CORINTHIAN­S POR 1 A 0 COM GOL DE UENDEL NA ARENA PANTANAL
Com 22 mil no estádio, time de Mato Grosso abriu o placar aos 36 minutos do primeiro tempo; apesar da derrota, Corinthian­s segue na liderança do Brasileiro
Chico Ferreira/Futura Press/Folhapress CUIABÁ VENCE CORINTHIAN­S POR 1 A 0 COM GOL DE UENDEL NA ARENA PANTANAL Com 22 mil no estádio, time de Mato Grosso abriu o placar aos 36 minutos do primeiro tempo; apesar da derrota, Corinthian­s segue na liderança do Brasileiro

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