Lula e Alckmin terão a palavra final sobre impasses em plano
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avocou para si a responsabilidade sobre o texto final do programa de governo, em meio a um constrangimento entre os partidos coligados.
A comissão encarregada da redação do documento divulgou uma nota à imprensa nesta quinta-feira (9) afirmando que o aval é da chapa. “A aprovação final do texto de diretrizes será de responsabilidade dos pré-candidatos Lula e Alckmin”, diz o texto.
A reunião desta manhã já estava programada para debater e incorporar propostas de aliados ao texto preliminar que foi encaminhado na segunda (6) aos dirigentes de partidos —segundo eles, sem aval dessa coordenação.
Integrantes da comissão se queixaram, no entanto, de o documento ter sido encaminhado antes da inclusão de emendas propostas por representantes de partidos.
Sob comando do ex-ministro Aloizio Mercadante, do PT, o grupo é formado por dois representantes de cada um dos sete partidos da coligação (PT, PSB, PSOL, Rede, PC do B, PV e Solidariedade).
Na manhã desta quinta (9), as propostas foram debatidas. Um novo encontro será realizado no sábado (11). Segundo relatos, o documento final será disponibilizado ao público geral na segunda-feira (13).
Pelo cronograma original, uma plataforma digital para apresentação de itens ao programa que seria aberta ao público para sugestões seria lançada nesta sexta (10) —agora, ela ficará disponível a partir de segunda-feira.
Na nota divulgada à imprensa, Mercadante afirmou que os participantes ressaltaram a existência de uma “ampla convergência no conteúdo” do documento inicial e cada uma das legendas apresentou emendas e contribuições ao texto “também com ampla convergência”.
O PSB, por exemplo, apresentou emendas sobre segurança e economia criativa.
O primeiro tema propõe a implementação de um Sistema Único de Segurança Pública e a valorização de seus profissionais, além de detalhar o que seria uma nova política sobre drogas, “intersetorial e focada na redução de riscos, na prevenção, tratamento e assistência ao usuário”.
“O atual modelo bélico de combate ao tráfico será substituído por estratégias de enfrentamento e desarticulação das organizações criminosas baseadas em conhecimento e informação, com o fortalecimento da investigação e da inteligência”, diz a emenda proposta pela legenda.
O PSB defende ainda que o documento aborde uma estratégia de economia criativa que agregue à ciência e tecnologia, por exemplo, os elementos da indústria cultural e da inteligência artificial.
Com 90 parágrafos, o documento define os governos petistas como inovadores no combate à corrupção, reforça o papel do Estado na economia, enaltece o Bolsa Família e propõe a revogação do teto de gastos e da reforma trabalhista implementada pelo ex-presidente Michel Temer (MDB) e a revisão do regime fiscal.
Como mostrou a Folha ,em um aceno aos setores mais conservadores da sociedade e potenciais aliados ao centro, a prévia do plano de governo suaviza propostas controversas já defendidas pelo próprio Lula e seus aliados.