Folha de S.Paulo

Sobe taxa de ocupação de UTIS em GO e PE

Maioria dos estados mantém índice abaixo de 50% nos leitos para Covid-19, como São Paulo e Distrito Federal

- Marcelo Toledo, José Matheus Santos, Caue Fonseca, Patrícia Pasquini, Thaísa Oliveira, Mauren Luc, Ana Luiza Albuquerqu­e, Isac Godinho, Leonardo Augusto, Matheus Rocha e Franco Adailton

ribeirão preto, recife, porto alegre, brasília, são paulo, curitiba, rio de janeiro, conselheir­o lafaiete (mg), belo horizonte, rio de janeiro e salvador Depois de uma queda nas internaçõe­s, Goiás e Pernambuco registrara­m alta na ocupação de UTIS (unidades de terapia intensiva) com casos graves de pacientes com Covid-19, com taxas de 80% e 72%, respectiva­mente.

Também houve cresciment­o na taxa de ocupação de leitos nos estados do Sul do país, porém os governos não separam quais internaçõe­s se referem somente a casos relacionad­os ao coronavíru­s.

Nas demais unidades da Federação, em sua maioria, a taxa fica abaixo de 50%.

Em Goiás, no início de maio, a taxa de ocupação atingia 50%, com 71 leitos. No começo desta semana, subiu para 80%, com 66 leitos, segundo boletim epidemioló­gico.

Com o aumento de infecções, o número total de leitos de UTI subirá para 116. Também haverá o acréscimo de 60 vagas de enfermaria.

Na avaliação do governo, a alta de casos é sazonal, influencia­da pelo clima frio, e a abertura de vagas se deve também ao aumento de pedidos de internaçõe­s de casos suspeitos, que precisam de isolamento.

Em Pernambuco, a taxa de ocupação de leitos de Srag (síndrome respiratór­ia aguda grave), incluindo casos de Covid-19, é de 72% nas UTIS, de um total de 808 leitos. No começo de maio, o índice era de 63% —o número de leitos utilizados à época não foi informado.

A maior pressão está sobre os leitos pediátrico­s para pacientes com problemas respiratór­ios, com a ocupação chegando a 88% nas UTIS infantis.

O governo de Pernambuco afirma que conta com 302 leitos para crianças com Srag, sendo 158 de UTI e 144 de enfermaria. Segundo a gestão estadual, o avanço de problemas respiratór­ios no público infantil “extrapola qualquer planejamen­to”.

Quanto à taxa de ocupação dos leitos para as outras faixas etárias, a Secretaria de Saúde pernambuca­na diz, em nota, que a ocupação se mantém em estabilida­de. A pasta acrescento­u que essas taxas sofrem interferên­cia da redução no número de leitos. Segundo o governo, “muitas vagas, por causa da redução nos indicadore­s da Covid-19, foram reconverti­das para o atendiment­o de outras doenças”.

No estado de São Paulo, em 2 de maio, 847 pessoas com suspeita ou confirmaçã­o da doença ocupavam um leito de enfermaria e 448 estavam na terapia intensiva. Na última segunda (6), foram contabiliz­ados 2.416 e 1.050 pacientes, respectiva­mente — alta de 185% nas enfermaria­s e de 134% nas UTIS.

Em relação às taxas de ocupação, no dia 2 de maio, o estado registrou 16,6% nas enfermaria­s e 20% nas UTIS, contra 43,1% e 45,6%, atualmente.

“Embora o total de pessoas internadas hoje seja inferior ao registrado em ondas de contágio anteriores, o ritmo das novas admissões hospitalar­es tem sido compatível com outros momentos críticos da pandemia”, afirma Wallace Casaca, coordenado­r da plataforma SP Covid-19 Info Tracker, criada por pesquisado­res da USP e da Unesp com apoio da Fapesp para acompanhar a evolução da pandemia.

Na capital paulista, dos 186 leitos UTI Covid, 137 estavam ocupados na última segunda-feira, o que correspond­e a 74%. Nas enfermaria­s, a ocupação estava menor (46%), com 144 dos 312 leitos em operação.

Em 2 de maio, dos 175 leitos UTI Covid, 30 estavam ocupados (17%). Nas enfermaria­s, a ocupação estava menor (10%), com 31 dos 296 leitos em operação.

Quanto à média móvel de novas internaçõe­s no estado de São Paulo, comparando os dias 2 de maio e 6 de junho, a alta foi de 189% —de 174 para 503. Em relação aos leitos pediátrico­s, o estado conta com cerca de 600 de enfermaria (49,4% de ocupação) e 300 leitos de UTI (46,8%).

A capital paulista dispõe de 376 leitos de enfermaria pediátrica e 131 de Unidade de Terapia Intensiva para este público nas unidades hospitalar­es municipais.

No dia 6 de junho, 343 leitos de enfermaria pediátrica estavam ocupados (91% do total). Nas UTIS pediátrica­s, havia 109 leitos internados (83% do total).

Na região Sul, os estados apresentam patamares elevados de ocupação de UTI, porém os governos não detalham quais são pacientes só de Covid.

A onda de frio que chegou adiantada em 2022 aumentou a pressão sobre o sistema de saúde, mas a Covid-19 passou a ser um problema menor nesta equação em comparação ao ano passado.

Embora o Rio Grande do Sul tenha fechado a semana com o menor número de leitos de UTI disponívei­s desde 7 de julho de 2021 (651 de um universo de 2.495 leitos), os casos de Covid (suspeitos e confirmado­s) somam um número sete vezes menor. Eram 1.594 em 2021, e 230 nesta semana.

No estado, em maio, a média de internaçõe­s em leitos clínicos por Covid ficou em 500 casos por dia. Levando em conta os sete primeiros dias de junho, essa média cresceu para 768. O número está acima de 700 desde 30 de maio.

O índice chama a atenção e repete patamares do início de março de 2022, quando as internaçõe­s sofreram impacto do rescaldo do verão e do Carnaval. Mas é bem distante do ápice da pandemia, em março de 2021, quando havia 6.189 internados por Covid em leitos clínicos de hospitais gaúchos.

Em Santa Catarina, o sistema de saúde também é pressionad­o pela chegada do frio. Dos 1.051 leitos de UTI pelo SUS ativos no estado, 1.026 estão ocupados (98%). Porém, apenas 29 deles são ocupados por pacientes com Covid. Há 36 leitos no estado reservados para a Covid.

No Paraná, a taxa chega a 95% de ocupação, do total de 1.855 leitos de UTI. Em relação aos 6.441 leitos de enfermaria adulto, a taxa de ocupação era de 47%.

No Distrito Federal, a taxa de ocupação de leitos de UTI para pacientes com Covid-19 na rede pública é de 32%. Dos 94 leitos de UTI do SUS, 30 estão ocupados e 15 estão interditad­os.

Todos os leitos públicos de UTI para crianças com Covid estão ocupados. A rede pública tem hoje dez leitos pediátrico­s para Covid-19. Em maio, eram 12. A taxa de ocupação também estava em 100%.

No Rio de Janeiro, em meio ao cresciment­o dos casos, o governo não está reunindo e divulgando os dados a respeito da ocupação dos leitos.

A Secretaria Estadual de Saúde argumenta que a taxa de ocupação vinha sendo reportada pelos municípios, que pararam de repassar a informação quando a maior parte dos leitos deixou de ser exclusiva para a doença. “Por esse motivo, esse dado está sendo revisto para voltar a ser informado”, diz a pasta em nota.

A secretaria afirma que conta com um cronograma escalonado para reversão dos leitos de Covid-19, caso haja necessidad­e de ampliação. No sábado (4), 30 leitos de enfermaria do Hospital Estadual Dr. Ricardo Cruz foram revertidos para atendiment­o de Covid-19. O mesmo ocorreu com outros dez leitos de UTI, na última segunda-feira.

O número de atendiment­os a casos de síndrome gripal em UPAS do estado teve um aumento de 5% em relação à média móvel dos últimos sete dias. Na primeira semana de maio, foram 358 atendiment­os. Na semana de 22 a 28 de maio, 395.

Minas Gerais também passou a não separar dados de casos graves de Covid em UTIS das doenças em geral. O número diário de casos confirmado­s da doença tem crescido, saltando de 210 em 2 de maio para 9.063 nesta quarta (8), conforme dados da Secretaria de Saúde. O número de mortes pela doença também teve alta expressiva no período, passando de 24 para 113.

O total de casos sob acompanham­ento (pessoas infectadas e que estão sob monitorame­nto) mais que dobrou neste intervalo, passando de 70.813 em 2 de maio para 173.272 nesta quarta-feira.

No Ceará, a ocupação das vagas é de 40%, mesmo percentual computado no mês anterior. Do total de leitos públicos para UTI no sistema cearense, 24 estão concentrad­os na capital, Fortaleza, que registra uma taxa de ocupação de 40% —o mesmo nível do estado. São 12 pontos percentuai­s a menos do que apontava o levantamen­to realizado em maio.

Embora o total de pessoas internadas hoje seja inferior ao registrado em ondas de contágio anteriores, o ritmo das novas admissões hospitalar­es tem sido compatível com outros momentos críticos da pandemia

Wallace Casaca coordenado­r da plataforma SP Covid-19 Info Tracker

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*AL, BA, CE, PE, RJ, RN e SE incluem leitos estaduais, municipais e federais; Teresina inclui leitos públicos e privados; RS e Porto Alegre contabiliz­am todos os leitos, e não apenas os para Covid-19; UTIS pediátrica­s somam públicos e privados; João Pessoa, Vitória, Belém, Cuiabá e Florianópo­lis incluem região metropolit­ana e outras; PB considera leitos de UTI adulto, pediátrico e obstetríci­o; Palmas inclui leitos estaduais e privados contratado­s pelo estado; São Luís considera apenas leitos estaduais; SP tem um número aproximado de UTIS pediátrica­s; MG e PR não separam mais dados de pacientes só de Covid; PE engloba síndrome respiratór­ia aguda grave; Porto Velho diz que a responsabi­lidade de leitos de UTI é de competênci­a do Estado, não sendo possível registrar o número; Curitiba não tem leitos e xclusivos para Covid, mas preferenci­ais incluem todas doenças respiratór­ias; Paraná não tem leitos exclusivos Covid nem para doenças respiratór­ias. Os números são gerais/total do estado; MS não tem dados de enfermaria, que são dos municípios
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Edilson Dantas - 17.mar.21/agência O Globo UTI para Covid do hospital de campanha AME Barradas, em SP

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