Folha de S.Paulo

Vereadores de São Paulo aprovam projeto que prevê aumento de até 72% para guardas-civis

- Carlos Petrocilo

SÃO PAULO Após quase cinco horas de discussões e uma suspensão da sessão, a Câmara Municipal de São Paulo aprovou, em segundo turno, um projeto de lei que institui mudanças na carreira dos servidores da GCM (Guarda Civil Metropolit­ana), no final da noite desta quarta-feira (8).

O texto vai à sanção do prefeito Ricardo Nunes (MDB).

A proposta é do próprio Executivo e estabelece que o efetivo da GCM passará a receber pelo regime de subsídio. O argumento foi questionad­o por vereadores contrários ao texto e criticado pelo Sindguarda­s (Sindicato Guardas Civis Metropolit­ano São Paulo), que representa a classe.

Com o regime de subsídio, o projeto assegura que o salário inicial na GCM passará de R$ 2.180 para R$ R$ 3.750, um reajuste de 72%. Por outro lado, os guardas perdem direitos como o quinquênio e sexta-parte —adicionais por tempo de serviço.

O Sindguarda­s havia reivindica­do, em outubro do ano passado, um reajuste de 56,10% para todo o efetivo —sendo 46,10% referente à inflação entre 2014 e 2020 e mais 10% de aumento real de salário.

“Para os ser vidores no início de carreira, a proposta parece atraente, mas não se engane, só parece”, afirmou o sindicato, em nota no seu portal em março de 2022.

“O fato é que um servidor de início de carreira ganhará um pouco melhor nesse primeiro momento, mas, ao longo de sua carreira, passará a ter declínio salarial se comparado com os vencimento­s da tabela atual”, diz o Sindiguard­as.

A discussão do projeto no Plenário, único item da pauta nesta quarta, começou por volta das 18h. Durante a sessão, o texto passou por mudanças, e opositores tentaram, então, adiar a votação para terça (14), mas não conseguira­m o aval da maioria.

O placar, com 33 votos favoráveis e 14 contra, além de quatro abstenções, foi lido pelo presidente da Casa, Milton Leite (União Brasil), às 23h20.

“O Ricardo Nunes rachou a guarda, entre os novos e os antigos. Ele não entende nada de segurança. Colocaram jabutis nesse projeto, não dá para votar um projeto desse às pressas”, discursou o vereador Delegado Palumbo (MDB).

“Que ele [Nunes] desse 20% de reajuste para categoria agora e, depois, mais 20%. Os novatos merecem ser reconhecid­os, sim, mas isso é um doce oferecido com veneno para vocês. Não sei por que essa pressa absurda de atropelar todo mundo.”

Líder do governo na Câmara, o vereador Fábio Riva (PSDB) disse que a fervura do debate contribui para a democracia.

“Não é a primeira e nem a última que teremos debates acalorados. Todos tiveram oportunida­de de discutir. Foi um exemplo para nós”, afirmou o tucano.

“A gestão mandou um projeto que muitas não tiveram competênci­a para fazer. Esse é o ônus do prefeito Ricardo Nunes, mas tem, sim, que enfrentar o aprimorame­nto da carreira e dos vencimento­s”, completou Riva.

O fato é que um servidor de início de carreira ganhará um pouco melhor nesse primeiro momento, mas, ao longo de sua carreira, passará a ter declínio salarial se comparado com os vencimento­s da tabela atual

Sindguarda­s em nota

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