Folha de S.Paulo

Dízimo será atrelado à gasolina

Comissão de pastores apresenta a proposta

- Renato Terra Roteirista e autor de ‘Diário da Dilma’. Dirigiu ‘Uma Noite em 67’ e ‘Narciso em Férias’

Sempre fiel aos salmos bolsonaris­tas, uma comissão de pastores evangélico­s ligados ao governo apresentou uma proposta para salvar o Brasil do comunismo e garantir as liberdades individuai­s.

“É preciso modernizar o cálculo do dízimo. Não podemos mais ficar com esses 10% fixos. Temos um presidente cristão que fez o que prometeu —todo mundo está empobrecen­do no Brasil, menos os acionistas da Petrobras, os planos de saúde, os garimpeiro­s e os artistas que recebem cachês milionário­s das prefeitura­s. Tá indo tudo bem, só precisamos repartir esse pão com todos os setores que apoiam Jair Bolsonaro”, explicou o pastor Cifras Malalala, líder da comissão.

Num discurso bastante enfático, o pastor Cifras atingiu um si bemol quando defendeu a paridade do dízimo com a gasolina. “Aumentou o barril de petróleo, aumenta o dízimo”, berrou. Em seguida, apresentou a porcentage­m atual da contribuiç­ão mensal dos fiéis.

“Hoje a Igreja moderna abraça o dízimo flutuante. Atualmente, está em 129% do salário. Raspem suas economias porque o momento é decisivo. Aceitamos Pix, barras de ouro e vale-refeição”, explicou.

Com um tom moderado, Cifras passou a palavra para o pastor Macro Feliconômi­co.

“Vejam que o aumento do dízimo é um fenômeno internacio­nal. Por causa da política do ‘fique em casa, a sua alma você entrega depois’, muita gente deixou de morrer e, portanto, hoje o mundo tem mais gente desemprega­da em vida. Todas as igrejas terão que aumentar a sua arrecadaçã­o”, explicou.

A bispa Soma Frequentez encerrou a apresentaç­ão. “Hoje temos mais de 33 milhões de pessoas passando fome, uma

| dom. Ricardo Araújo Pereira | seg. Bia Braune | ter. Manuela Cantuária | qua. Gregorio Duvivier | qui. Flávia Boggio | sex. Renato Terra | sáb. José Simão inflação que corroeu o poder de compra das famílias, planos de saúde que não são mais obrigados a cobrir tratamento­s que estão fora do rol da ANS. Hoje, portanto, os 10% da renda familiar média brasileira valem muito menos do que antes. É preciso modernizar essa contabilid­ade para não liquidarmo­s a única política que pode salvar a população durante o governo Bolsonaro —a reza braba”, explicou.

Terminada a apresentaç­ão, Malalala, Feliconômi­co e Frequentez iniciaram uma turnê que levará as novas propostas para todas as cidades bolsonaris­tas do Brasil. “Já acertamos os cachês com as prefeitura­s com o intuito de prover uma palavra de fé para quem realmente precisa: nós mesmos”, revelaram, em uníssono.

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Débora Gonzáles

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