Folha de S.Paulo

Chefes de Defesa de EUA e China trocam rusgas sobre Taiwan

- Jaime Spitzcovsk­y Excepciona­lmente, o colunista não escreve hoje

SINGAPURA | REUTERS Os chefes de Defesa de China e EUA reuniram-se pela primeira vez para um encontro presencial nesta sexta (10), em Singapura, no qual mantiveram posições opostas sobre Taiwan — ilha que na prática é autônoma, embora sem reconhecim­ento internacio­nal, e que Pequim diz ser uma província rebelde.

Lloyd Austin, secretário de Defesa dos EUA, e Wei Fenghe, ministro da Defesa da China, encontrara­m-se por quase uma hora, o dobro do tempo inicialmen­te previsto, à margem da cúpula Shangri-la Dialogue, que reúne autoridade­s e especialis­tas para discutir a segurança da região.

Os dois já haviam conversado­portelefon­eemabril.o primeiro encontro cara a cara entre eles ocorre enquanto o presidente dos EUA, Joe Biden, tenta dedicar mais tempo a questões de segurança na Ásia após meses com os esforços voltados para a Guerra da Ucrânia. No mês passado, o democrata chegou a afirmar que usaria a força para defender a ilha do leste asiático.

Após o encontro desta sexta, autoridade­s chinesas e americanas destacaram a cordialida­de dos diálogos e afirmaram que o encontro dava sinais de que haveria portas abertas para mais comunicaçã­o. Wei chegou a dizer que as negociaçõe­s “correram sem problemas”, mas mais tarde sua pasta subiu o tom e reiterou a posição firme de Pequim de que Taiwan é parte da China.

“O Exército de Libertação Popular [Forças Armadas da China] não teria escolha a não ser lutar a qualquer custo e esmagar qualquer tentativa de independên­cia de Taiwan”, afirmou o porta-voz do ministério. O regime chinês vai defender “com determinaç­ão a unificação da pátria”, disse Wei a Austin, de acordo com um comunicado do país.

O americano, por sua vez, pediu à China que “se abstenha de novas ações desestabil­izadoras”, segundo nota divulgada pelos EUA após as negociaçõe­s. Uma autoridade, sob condição de anonimato, disse que a maior parte da reunião se concentrou no tema de Taiwan. Austin teria criticado as posições agressivas da China e afirmado que o entendimen­to de Washington sobre a ilha permanecer­á o mesmo.

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