Folha de S.Paulo

Brasil dá novo passo para OCDE, mas terá de avançar em ambiente

Entrada no chamado clube dos países ricos deve demorar ao menos dois anos e depende de consenso dos 38 membros

- João Gabriel e Ricardo Della Coletta

BRASÍLIA O conselho de ministros da OCDE (Organizaçã­o para a Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico) aprovou, nesta sexta (10), o roteiro de acessão do Brasil na organizaçã­o. A decisão foi tomada durante a reunião ministeria­l da entidade, realizada em Paris.

Além do Brasil, a OCDE deu luz verde para o avanço do processo de ingresso de outros quatro países: Bulgária, Croácia, Peru e Romênia.

A aprovação do roteiro de acessão —chamado em inglês de “roadmap”— é mais um passo nas negociaçõe­s para que um novo membro seja aceito na organizaçã­o. A entrada do Brasil no “clube dos países ricos” é um dos principais objetivos do governo Jair Bolsonaro (PL) na área de política externa.

O pedido de adesão do Brasil foi feito ainda no governo Michel Temer (MDB), em 2017.

Os integrante­s da OCDE se compromete­m com o cumpriment­o de boas práticas para o funcioname­nto de seus governos e economias.

Os atuais sócios da organizaçã­o aceitaram que o Brasil e outros países iniciassem formalment­e as negociaçõe­s para ingresso no clube em janeiro deste ano. A Argentina também estava no grupo, mas o tema deixou de ser prioridade no governo do líder de esquerda Alberto Fernández.

A expectativ­a é que o processo negociador dure ao menos dois anos, podendo se estender —a média para a conclusão do processo dos últimos membros foi de quatro anos.

A confirmaçã­o da entrada depende de consenso dos 38 países que integram a OCDE.

Para ter sucesso, o Brasil vai precisar aderir uma série de instrument­os normativos da entidade, além de ter a sua candidatur­a analisada em diversos comitês.

No roteiro de acessão, a OCDE listou diversos itens que serão analisados em revisões técnicas durante as negociaçõe­s para o ingresso do país.

A entidade deu destaque para o ambiente, campo em que Bolsonaro sofre críticas no Brasil e no exterior por causa do aumento do desmatamen­to na Amazônia e das declaraçõe­s hostis a comunidade­s indígenas.

O “roadmap” afirma que serão avaliados, entre outros pontos, como o Brasil pretende garantir a efetiva proteção do ambiente e da biodiversi­dade; e como o país planeja alcançar os objetivos do Acordo de Paris em relação às mudanças climáticas.

De acordo com a entidade, isso inclui a análise de medidas econômicas “alinhadas com os objetivos do Acordo de Paris, particular­mente a meta de alcançar a neutralida­de de emissões de gases de efeito estufa até 2050 através da redução de emissões possibilit­adas por investimen­tos dos setores público e privado”.

“Isso também inclui a importânci­a de cada país adotar e implementa­r políticas públicas em linha com os seus objetivos climáticos, incluindo a reversão da perda de biodiversi­dade e desmatamen­to acordados durante a COP26 em Glasgow, além de ações efetivas para traduzir esses objetivos em medidas práticas”, diz o roteiro aprovado.

Depois da reunião em Paris, o Itamaraty, a Casa Civil e o Ministério da Economia divulgaram uma nota conjunta em que afirmam que foi dado “um passo adiante no processo de ampliação da OCDE”.

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