Bolsas desabam e dólar sobe com maior inflação nos EUA em 40 anos
SÃO PAULO Os principais mercados de ações globais registraram forte baixa nesta sexta-feira (10), após a divulgação de preços ao consumidor nos EUA e a retomada de restrições para contenção da Covid na China indicarem aos investidores que os juros das principais economias globais continuarão subindo em um esforço para frear a inflação mundial.
Em queda durante toda a sessão, o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira, o Ibovespa, cedeu 1,51%, a 105.481 pontos, na sexta baixa seguida. Na semana, o índice teve perdas de 5%.
Já o dólar comercial avançou 1,44%, cotado a R$ 4,9890 na venda, com alta de 4,41% no acumulado da semana.
Entre os destaques negativos do mercado doméstico, as ações ordinárias da Eletrobras desabaram 4,74%, valendo R$ 41, um dia após a companhia ter fixado em R$ 42 o preço do papel em uma oferta pública que resultou na sua privatização, movimentando R$ 29,29 bilhões. O valor definido na oferta pública ficou um pouco abaixo da cotação de R$ 43,04 do fechamento na véspera.
O ajuste para baixo, após a fixação inferior à cotação da véspera, e o ambiente negativo para negócios no exterior explicam a queda nesta sexta, segundo Heitor Martins, especialista em renda variável na Nexgen Capital.
Em Nova York, o indicador de referência S&P 500 afundou 2,91%, enquanto o Nasdaq caiu 3,52%, e o Dow Jones, 2,73%. Na Europa, as Bolsas de Londres, Paris e Frankfurt mergulharam 2,12%, 2,69% e 3,08%, respectivamente.
“O CPI [índice de preços ao consumidor] de maio nos EUA surpreendeu para cima, acelerando de 8,3% para 8,6%, acima do mais pessimista dos agentes, cuja projeção era de 8,5%”, comentou Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
A aceleração nos preços indica ao mercado que o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) manterá em curso o ritmo de elevação da taxa de juros no país.
A inflação em 12 meses até maio nos EUA é a maior desde dezembro de 1981.