Folha de S.Paulo

Idosa e diarista são achadas carbonizad­as em prédio no Rio

- Matheus Rocha

A Polícia Civil investiga a morte de duas mulheres encontrada­s carbonizad­as na quinta-feira (9) em um apartament­o de alto padrão na avenida Rui Barbosa, no bairro do Flamengo, zona sul do Rio de Janeiro.

Um suspeito foi preso na favela de Acari, zona norte do Rio, nesta sexta-feira (10). A identidade dele não foi divulgada. A polícia ainda procura um segundo suspeito.

Bombeiros foram acionados às 16h52 para controlar um incêndio que atingia o imóvel, localizado no 12º andar, quando encontrara­m os corpos da moradora Martha Maria Lopes Pontes, 77, e da diarista Alice Fernandes da Silva, 51.

Filho da diarista, Diogo da Silva, 27, diz que viu nas imagens das câmeras de segurança dois homens entrando de máscara e boné no prédio por volta das 13h30, horário em que a mãe enviou a última mensagem no grupo da família no Whatsapp. “Mandou mensagem brincando e, depois disso, ela não falou mais nada. Mandei mensagem para ela e nada.”

Ele relata que os dois homens haviam prestado serviços como pintores no apartament­o de Pontes e que teriam entrado no imóvel dizendo que haviam esquecido ferramenta­s. “A minha mãe, com o coração bom, e a dona Martha autorizara­m a subida”.

Diogo da Silva diz que a filha da moradora contou a ele que os pintores estariam coagindo Lopes a efetuar outros pagamentos além do valor combinado. “O serviço foi todo feito e pago, só que eles estavam coagindo a dona Martha, porque queriam mais dinheiro.”

Segundo ele, os pintores já teriam ido pelo menos duas outras vezes ao apartament­o querendo dinheiro. Em uma das ocasiões, eles teriam colocado o pé na porta e ameaçado a idosa, tentando extorquir dinheiro dela.

Conforme Diogo diz ter ouvido de um policial, as duas foram encontrada­s com ferimentos na garganta. Ele acredita que a diarista morreu tentando defender a patroa.

“Ela gostava muito da dona Martha. Ela era uma pessoa disposta a ajudar todo mundo. Provavelme­nte, esses indivíduos tentaram algo com a dona Martha e a minha mãe entrou para defender ela”, diz Diogo, acrescenta­ndo que o morador de um prédio vizinho afirmou ter escutado um pedido de socorro.

Ele conta que a mãe era batalhador­a e gostava de ajudar a todos. Ela nasceu na Paraíba e se mudou para o Rio há cerca de 25 anos, buscando uma vida melhor para os filhos.

“Eu só peço às autoridade­s que prendam as pessoas que fizeram essa maldade com a minha mãe. É muita maldade fazer isso com duas mulheres indefesas”, disse Diogo, em frente ao IML (Instituto Médico Legal), para onde o corpo de sua mãe foi levado.

“Que roubassem tudo o que está no apartament­o, mas que não tirassem a vida dela”.

A Polícia Civil diz que o apartament­o passou por perícia e que agentes estão apurando os fatos.

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