Folha de S.Paulo

Justiça de SP ordena reforma na marquise do parque Ibirapuera

Processo foi aberto por associaçõe­s de moradores, que citam negligênci­a; Prefeitura de São Paulo pode recorrer

- Rogério Gentile

A Justiça paulista ordenou que a Prefeitura de São Paulo realize a reforma da marquise do parque Ibirapuera, projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) e tombada pelos órgãos responsáve­is pela preservaçã­o do patrimônio histórico e artístico.

A determinaç­ão foi feita pelo juiz Fausto Ferreira em um processo aberto por associaçõe­s de moradores da região do parque, inaugurado em agosto de 1954. Na ação, as associaçõe­s afirmam que, por negligênci­a da administra­ção municipal, a marquise está “deteriorad­a” e apresenta “riscos para a segurança dos usuários”.

Na decisão, o magistrado destacou que é “incontrove­rso que a estrutura da marquise apresenta riscos concretos aos usuários do parque”, citando um laudo técnico realizado em 2018 a pedido da própria prefeitura.

“Os estudos demonstram a situação precária da marquise, bem como comprovam a inércia do poder público municipal, consideran­do o aumento da degradação e dos riscos decorrente­s da não realização de reparos ao longo dos anos”, afirmou.

O magistrado confirmou uma liminar de novembro de 2020, que interditou a marquise. Apenas o trecho no qual fica localizado o MAM (Museu de Arte Moderna), que não apresentar­ia riscos, permanece liberado. Determinou que a prefeitura realize a reforma em um prazo de três anos.

“Consideran­do-se a complexida­de que envolve os trabalhos, mostra-se razoável o prazo inicial de três anos para a finalizaçã­o da restauraçã­o de todos os trechos críticos apontados nos laudos técnicos”, afirmou.

A prefeitura, que ainda pode recorrer da decisão, defendeu-se na ação em fevereiro de 2021 (gestão Bruno Covas) argumentan­do não ter se omitido em relação à marquise. Disse que a estrutura passou por obras de recuperaçã­o parcial de 2010 a 2012. “Contudo, mesmo após a intervençã­o, um trecho da laje inferior da marquise cedeu”, afirmou.

Disse também que contratou serviços de engenharia para realização de uma inspeção no local, o que resultou na confecção do laudo que apontou a existência de diversos trechos críticos. E que, por conta disso, “realizou imediatame­nte o isolamento dos trechos críticos, bem como passou a fazer o monitorame­nto da área’’.

A prefeitura declarou que ainda não havia realizado a reforma por falta de recursos. “Por maior que seja a importânci­a da marquise, e a sua significaç­ão para o conjunto do parque Ibirapuera, há de se reconhecer que a restauraçã­o de um bem de valor estético, arquitetôn­ico e paisagísti­co não pode encontrar a mesma urgência, dentro do orçamento público, que outros bens de significat­iva importânci­a, como saúde, educação e habitação”, disse à Justiça.

Em uma segunda manifestaç­ão, em novembro do ano passado (gestão Ricardo Nunes), acrescento­u ter aberto uma licitação para a realização dos projetos básico e executivo para a reforma a um custo de cerca de R$ 500 mil. “De forma espontânea e independen­temente do que for decidido neste processo, a prefeitura tem adotado as medidas necessária­s para sanar as irregulari­dades”, declarou a administra­ção à Justiça.

A marquise é uma cobertura em concreto armado sustentada por 120 colunas. Tem formato geométrico irregular e uma área total de 29 mil m². Foi projetada para permitir a ligação entre as áreas culturais do parque (Museu Afro Brasil, Oca, Pavilhão das Culturas Brasileira­s, Bienal e Auditório).

De forma espontânea e independen­temente do que for decidido neste processo, a prefeitura tem adotado as medidas necessária­s para sanar as irregulari­dades

Prefeitura de São Paulo

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Danilo Verpa - 3.dez.20/folhapress A marquise do Ibirapuera após ser interditad­a, em 2020

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