Folha de S.Paulo

Uso de máscara em escolas é ‘fortemente recomendad­o’, diz pediatra Ana Escobar

- ANA ESCOBAR Patrícia Pasquini

Não é só a Covid-19 que está preocupand­o pais, mas também outras doenças respiratór­ias. Segundo a pediatra Ana Escobar, os casos entre crianças menores de cinco anos têm aumentado muito, sobretudo na faixa de0a2anos.

Em entrevista concedida durante o Brain Congress 2022, realizado no início deste mês em Gramado (RS), a médica também alertou sobre a importânci­a do uso de máscara a partir dos dois anos, de lavar as mãos e praticar o distanciam­ento social.

Quais doenças respiratór­ias acometem mais as crianças nesta época?

Todas as doenças respiratór­ias estão aumentando muito, principalm­ente nas crianças pequenas, com menos de cinco anos, especialme­nte de 0 a 2 anos.

Em 2022, os menores de dois anos não ficaram expostos a nada, então o sistema imunológic­o deles não foi bombardead­o. Está todo mundo sem máscara, eles estão começando a ir para a escola e têm o sistema imunológic­o atacado.

Há vários tipos de vírus em circulação, como o rinovírus, metapneumo­vírus, além do sincicial respiratór­io, que dá bronquioli­te.

Junto com isso, nesta época, temos ar mais seco e cidades muito mais poluídas. Isso aumenta a quantidade de alérgenos ambientais, que são gatilhos para desencadea­r a asma.

Alguns médicos falam em asma ambiental.

É a mesma coisa. A asma é um processo de broncoespa­smo, quando o brônquio fecha. O que faz o brônquio fechar? Primeiro, precisa ter a predisposi­ção genética; segundo, um ambiente que deflagra os alérgenos.

Essas crianças com asma precisam usar corticoide e a bombinha. São prejudicia­is? É o único tratamento contra a asma?

Há o tratamento para a crise aguda e o crônico. O crônico é feito com broncodila­tador e corticoide em doses baixas inalatória­s. O grande problema é quando você trata agudamente com corticoide em dose alta. O corticoide não pode ser dado por muito tempo porque inibe os eixos hormonais.

A asma é evitável?

Sim, na medida em que possamos minimizar os gatilhos que levam à crise aguda. Por exemplo, uma pessoa que mora no campo, come e dorme bem, não tem estresse e leva uma vida saudável tem uma chance

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