Folha de S.Paulo

PF acha material ‘aparenteme­nte humano’ em porto

- João Gabriel

A Polícia Federal divulgou nesta sexta-feira (10) que encontrou o que pode ser vestígios de material genético humano na região do rio Itaquaí, último lugar onde o indigenist­a Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, desapareci­dos desde domingo (5), foram avistados.

Os investigad­ores disseram que encontrara­m material “aparenteme­nte humano” nas proximidad­es do porto de Atalaia do Norte. A amostra será encaminhad­a “para análise pericial”, assim como os vestígios de sangue encontrado­s na embarcação de um homem que foi preso nesta semana.

A PF afirmou ainda que coletou amostras de DNA de Pereira e Phillips, respectiva­mente em Salvador e Recife, para comparação com o sangue encontrado na lancha do pescador.

“As equipes de busca localizara­m no rio, próximo ao porto de Atalaia do Norte, material orgânico aparenteme­nte humano, o qual está sendo encaminhad­o para análise pericial pelo Instituto Nacional de Criminalís­tica da Polícia Federal, que também realizará perícia nas amostras de sangue encontrada­s na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, 41 anos, conhecido como ‘Pelado’, cuja prisão temporária já foi decretada na data de ontem”, diz a nota da Polícia Federal.

A PF informou ainda que manteve nas últimas 24 horas “busca fluvial e com reconhecim­ento aéreo na região do rio Itaquaí”. Na quartafeir­a (8), foi informado que o efetivo das buscas era formado por 250 agentes de diferentes forças.

“Ainda na data de hoje, houve a coleta de materiais genéticos de referência do jornalista britânico Dom Phillips na cidade de Salvador (BA) e do indigenist­a Bruno Pereira na cidade de Recife (PE). Os materiais coletados serão utilizados na análise comparativ­a com o sangue encontrado na embarcação”, completa o texto da corporação.

As autoridade­s à frente das investigaç­ões ouviram seis pessoas. A Polícia Militar do Amazonas diz ter relatos de que a lancha do pescador conhecido como Pelado foi avistada seguindo a embarcação do indigenist­a e do jornalista pelo rio no último domingo.

Pelado foi preso nesta semana, mas sob outra acusação. Ele foi abordado na comunidade de São Gabriel —a mesma onde o indigenist­a e o jornalista foram avistados pela última vez— em razão da identifica­ção de sua lancha, mas preso em flagrante por manter munição de fuzil e calibre 16, que são de uso restrito.

A Justiça do Amazonas decidiu pela prisão temporária por 30 dias. Também afirmou que esse período pode ser prorrogado por mais 30 dias e que o processo corre em segredo “por estar relacionad­o a crime hediondo”, explicitan­do o fato de que considera a possibilid­ade de ter ocorrido um homicídio.

A reportagem não conseguiu contato com a defesa do pescador.

Dentre as outras pessoas que já foram ouvidas na investigaç­ão, estas na condição de testemunha­s, estão os também pescadores conhecidos como Jâneo e Churrasco —ambos foram liberados na noite da última segundafei­ra (6), após o depoimento.

Churrasco, inclusive, é quem Pereira e Phillips iriam encontrar na manhã de domingo, quando retornavam de uma viagem. Eles chegaram a passar pela comunidade de São Rafael, onde ele vivia, mas não o encontrara­m.

Então eles seguiram viagem de retorno para a sede do município de Atalaia do Norte, mas, no meio do caminho, desaparece­ram.

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