João Arnaldo, do PSOL, diz que PSB de Pernambuco deu uma guinada à direita
O pré-candidato ao governo de Pernambuco, João Arnaldo (PSOL), afirmou que o PSB do estado deu uma guinada à direita nos últimos anos, se aliou a grupos conservadores e age com oportunismo ao se aliar ao PT no pleito de outubro deste ano.
Em sabatina à Folha eao UOL, disse que a falta de afinidade programática foi determinante na decisão do PSOL não repetir no estado a aliança nacional com o PSB. Os dois partidos se uniram em torno da pré-candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“O que nos faz não compor com a candidatura do PSB em Pernambuco é que são projetos completamente diferentes do nosso”, explicou, alegando que o PSB deu uma “guinada à direita sem precedentes” a partir do segundo mandato de Eduardo Campos (19652014) no governo do estado.
Além de alegar falta de afinidade programática com o PSB, ele criticou o partido por supostamente negociar acordos políticos com base em chantagem. Disse que a legenda age com oportunismo ao se aliar ora com grupos conservadores ora com os mais à esquerda.
“O PSB tem o problema do oportunismo: quando é melhor se aliar aos partidos fundamentalistas, eles farão e fazem discursos mais conservadores, e quando é melhor fazer algo mais à esquerda para ganhar as eleições, eles podem fazer, mas o governo já sabemos qual é, que é o da exclusão”, afirmou.
Ele disse que que vê o PSB como uma espécie de federação de interesses estaduais, sem unidade partidária, com posições mais à esquerda em alguns estados e mais à direita em outros.
Além das críticas ao PSB, João Arnaldo também criticou os demais pré-candidatos do governo dos maiores partidos – Marília Arraes (Solidariedade), Danilo Cabral (PSB), Raquel Lyra (PSDB), Miguel Coelho (União Brasil) e Anderson ferreira (PL) – são “filhos das velhas oligarquias” do estado.
Ele disse estar aberto a conversas com partidos como a UP e o PCB para a formação de uma frente de esquerda no estado. E disse acreditar que pode ter uma candidatura competitiva e com possibilidades de chegar ao segundo turno.
Sobre as chuvas que deixaram 129 mortos nas últimas semanas em Pernambuco, disse que não há iniciativa do governo de Pernambuco e das prefeituras das cidades do Grande Recife para habitação popular. Também criticou o fim do programa Minha Casa, Minha Vida e a redução das verbas para habitação no orçamento federal.
Defendeu uma ação do poder público para ocupar os cerca de 60 prédios que estão abandonados no centro do Recife. Lembrou que a gestão do ex-prefeito João Paulo (2001-2008), do PT, eliminou 70% dos pontos de risco da cidade. E criticou os governos do PSB.
“O governo do estado já não tem orçamento para resolver esse problema. Se omite completamente, como se fosse um problema só dos municípios. Já a prefeitura do Recife não executa o orçamento e ainda retira parte do financeiro para passar para propaganda.”
Considerou “inadmissível” que um estado com R$ 45 bilhões de orçamento anual e uma prefeitura com R$ 6 bilhões “vivenciem uma tragédia civilizatória como essa com tanta frequência”. E prometeu que, se eleito, vai liderar um plano para erradicação de moradias em áreas de risco na Região Metropolitana do Recife.
Sobre a violência no estado, criticou os políticos tradicionais “que gostam de ficar fazendo populismo penal” e disse que seu eventual governo vai valorizar os profissionais da segurança pública. Defendeu uma polícia que não atue só na repressão, mas que tenha como foco ações de inteligência e a relação com a comunidade.
A sabatina foi conduzida por Diego Sarza e pelos jornalistas Carlos Madeiro, do UOL, e José Matheus Santos, da Folha.