Ala da União Brasil tenta vetar Moro nas eleições
BRASÍLIA Após ver a Justiça Eleitoral impedir sua candidatura em São Paulo, o ex-juiz Sergio Moro enfrenta resistência dentro do seu partido, a União Brasil, para ser candidato pelo Paraná.
A ala bolsonarista da União Brasil protocolou, nesta segunda-feira (13), um pedido interno para impugnar sua filiação ao partido, o que pode impedir sua candidatura. O questionamento foi apresentado ao diretório estadual do Paraná. O protocolo tem como base uma resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de 2006.
Quem entrou com o pedido de impugnação da filiação de Moro foi Cristiane Mesquita, nome pouco conhecido no partido e que integra a ala bolsonarista.
Moro abandonou a magistratura em 2018 para tornarse ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL) e deixou o governo em 2020, acusando o presidente de tentar interferir politicamente na Polícia Federal para blindar sua família de investigações. Desde então, o ex-juiz sofre rejeição de bolsonaristas.
O documento apresentado nesta segunda (13) requer que seja declarada “a inexistência de filiação do impugnado [Sergio Moro] ao União Brasil do Paraná e, com isso, afastar desde já as suas pretensões políticas no estado tendo em vista os enormes prejuízos que causará aos demais filiados e ao nome da agremiação perante a sociedade”.
O argumento é de que, uma vez que a filiação é circunscrita ao estado para a candidatura a cargos estaduais, Moro, por estar filiado ao União Brasil de São Paulo, só poderia tentar algum cargo paulista.
Caso quisesse concorrer a deputado ou senador pelo Paraná, teria que mudar seu vínculo para o diretório estadual paranaense, o que seria considerada uma nova filiação —o que, pela lei, o impediria de concorrer, já que o prazo para filiações para o pleito de 2022 já acabou.
Pela tese usada como base para a impugnação, Moro só poderia concorrer à Presidência, uma vez que a resolução de 2006 diz que “se a candidatura é a mandato presidencial, por óbvio, válido será o domicílio e a filiação em qualquer município”.
Na ocasião, o TSE respondeu a um questionamento sobre o tema feito pelo PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito em 2018 e que, em 2022, se fundiu com o DEM para fundar o União Brasil.
“Se a candidatura é de cunho municipal, o domicílio e filiação devem ser aí comprovados. Se a candidatura é a cargo eletivo estadual, a circunscrição é o estado”, diz o voto do relator, o então ministro José Delgado.
O pedido foi protocolado nesta segunda no diretório estadual da União Brasil, que vai decidir se julga procedente ou não a solicitação. O caso pode subir também para a esfera nacional do partido em caso de recurso.
Procurado, o deputado federal Felipe Francischini, presidente do União Brasil no Paraná, afirmou que vai analisar o caso. Já o ex-juiz respondeu por meio de seu advogado.
“A filiação foi regular e a impugnação, além de improcedente, é manifestamente intempestiva. Não nos causa nenhuma preocupação”, afirmou Gustavo Guedes, que representa Moro.
De forma reservada, dirigentes da União Brasil afirmaram à reportagem que seguem confiantes da possibilidade de Moro concorrer, uma vez que foram feitas análises prévias sobre a sua candidatura.
Atualmente, o plano da cúpula do partido para Moro é que ele faça viagens pelo Paraná e bata o martelo mais à frente, em julho, sobre a qual cargo vai concorrer. O mais provável é tentar o Senado.