Vieira da Cunha diz que teria vergonha de superávit e culpa PT por Bolsonaro
PORTO ALEGRE Secretário estadual da Educação na gestão anterior a Eduardo Leite (PSDB), o ex-deputado federal Vieira da Cunha (PDT) disse que teria vergonha se seu governo divulgasse superávit de R$ 4,7 bilhões nos primeiros quatro meses de 2022, como ocorreu no Rio Grande do Sul.
A declaração foi dada pelo pré-candidato nesta segunda (13) em sabatina Folha/UOL ao analisar o último Censo Escolar, em que o RS apresentou um índice de 10,7% de evasão na rede pública em 2021, quase o dobro da média nacional.
“É uma questão de prioridade de investimentos. Em um debate, o presidente Fernando Henrique Cardoso perguntou ao [Leonel] Brizola de onde retiraria dinheiro para implementar escola em tempo integral no Brasil, pois são caras. Brizola respondeu que cara é a ignorância”, declarou.
Cabo eleitoral do presidenciável Ciro Gomes no RS, Vieira discordou de que Ciro deveria renunciar à candidatura para facilitar uma derrota de Jair Bolsonaro (PL) no primeiro turno. Para Vieira, Ciro não pode ser responsabilizado pelo atual presidente ter mais chance de chegar ao segundo turno.
“O Lula e o PT, sim, prestaram serviço ao bolsonarismo. Alguém acredita que ele seria eleito se não fosse um sentimento de antipetismo? Se Ciro Gomes tivesse ido para o segundo turno [em 2018], o resultado não seria esse. O único que está fazendo propostas para o Brasil é o Ciro Gomes, e espero que não percamos essa nova oportunidade”, declarou.
Sobre se o PT não está usando o argumento que Ciro Gomes usou em 2018, ressaltou o intervalo de tempo restante até as eleições.
“Estás te deixando convencer por pesquisas quando as convenções partidárias nem ocorreram. Olha quantos tombaram no caminho. [Sergio] Moro nem conseguiu ser candidato. Vamos deixar o quadro ficar completo. Vamos dar o peso às pesquisas quando o eleitor se apropriar do debate público. Eu não posso chegar à conclusão de que dois candidatos farão o segundo turno já em junho.”
Também se recusou a opinar qual seria o melhor presidente entre Lula e Bolsonaro e se o PDT daria o seu apoio formal em 2022 a um dos dois.
No cenário gaúcho, Vieira se disse “incrédulo” com a notícia de que Leite concorreria novamente ao Governo do RS.
“Ele passou o tempo inteiro dizendo que era contrário à reeleição. E olha o argumento dele, que era contra a reeleição de quem fica no cargo. Ora, mas é abusar da inteligência do povo gaúcho. Como se o governo não tivesse sido montado por ele, como se não estivesse lá um preposto seu, como se todos os cargos de confiança não tivessem sido nomeados por ele”, diz.
Vieira também criticou o regime de recuperação fiscal aprovado pelo governo Leite na Assembleia. Eleito, promete entrar na Justiça contra ele “no primeiro minuto”.
“Um acordo absurdo, lacaio, que o governo assinou com a União. Deixou colocar o garrote no Rio Grande do Sul. Impuseram exigências que vão nos tornar reféns de União pelos próximos nove anos pagando juros absurdos em condições draconianas. E não é bravata.”
Por estimular a violência, ele classificou Bolsonaro como “corresponsável” por episódios como o desaparecimento do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips.
“É um homem totalmente despreparado para um cargo dessa responsabilidade. Eu custo a acreditar que o Brasil está vivendo um momento como esse. Nós não temos mais o que esperar dele”, afirmou o pré-candidato. “Graças a Deus o nosso país é forte, está aguentando o tirão. Vai aguentar esse desgoverno e essas irresponsabilidades pelas quais ele vai ter que responder. Por essas omissões e crimes que ele está praticando”, completou.
Sobre a descriminalização das drogas, se disse favorável.
A sabatina foi conduzida pelo colunista do UOL Kennedy Alencar, e pelos jornalistas Tales Faria, do UOL, e Alexa Salomão, da Folha.