Folha de S.Paulo

Cuba diz que condenou 381 pessoas por protestos de 2021

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HAVANA | AFP e reuters Um total de 381 manifestan­tes que participar­am dos protestos de 11 e 12 de julho de 2021 foram condenados em Cuba por crimes diversos, informou a Procurador­ia-Geral de Havana nesta segunda (13). O balanço inclui 16 jovens de 16 a 18 anos e 36 pessoas que receberam sentenças de até 25 anos de prisão acusadas de sedição.

Os protestos que eclodiram há pouco menos de um ano, reunindo milhares de pessoas em diferentes cidades da ilha, deixaram ao menos um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 detidos —centenas dos quais ainda estão na prisão, segundo a organizaçã­o civil Justicia 11J.

Os atos, considerad­os as maiores manifestaç­ões desde a revolução de 1959, foram disparados pela frustração após meses de crise, falta de alimentos e restrições para conter a disseminaç­ão da Covid, culminando na acusação popular de negligênci­a do regime comunista. Em novembro, um movimento de intimidaçã­o esvaziou novos protestos que haviam sido convocados.

Em comunicado desta segunda, a Procurador­ia informou que, até agora, “381 pessoas receberam sanções, incluindo 16 jovens entre 16 e 18 anos, principalm­ente por crimes de sedição, sabotagem, roubo com força e violência, ataque, desacato e desordem pública”. As sentenças são definitiva­s, uma vez que resultam de recursos de penas que haviam sido impostas após julgamento­s sumários.

O órgão especifico­u que “297 acusados foram condenados a penas de privação de liberdade”, de ao menos 5 anos de prisão. Desse total, 36 ficarão detidos por 25 anos por crime de sedição.

Outros 84, incluindo 15 dos adolescent­es, tiveram “a privação de liberdade comutada por penas alternativ­as que não implicam [...] entrada na prisão” e poderão cumprir a condenação com “trabalho correciona­l com e sem internação”. Segundo a Procurador­ia, porém, violações desses acordos poderão acarretar punições mais graves.

Em Cuba, a maioridade se dá aos 18 anos, mas responsabi­lidade criminal e militar se aplica a partir dos 16.

O regime havia informado, em 25 de janeiro, que 790 pessoas, incluindo 55 menores de 18 anos, foram acusadas de alguma forma por envolvimen­to nas manifestaç­ões de julho. As autoridade­s de Havana afirmam que os atos atacaram a ordem constituci­onal e foram orquestrad­os a partir dos Estados Unidos.

Washington, por sua vez, desde então vem fazendo críticas à ilha por sentenças que considera excessivas e exigindo a libertação de todos os prisioneir­os. Grupos de defesa dos direitos humanos e a União Europeia também já condenaram a falta de transparên­cia da Justiça cubana nesses casos. ONGs acusam a ocorrência de torturas, privação de luz e comida, além de choques elétricos nas penitenciá­rias.

O líder da ditadura, Miguel Díaz-Canel, afirma não haver presos políticos na ilha e diz que as condenaçõe­s são por crimes contra a segurança do Estado e por colaboraçã­o com forças estrangeir­as.

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