Folha de S.Paulo

Energia responde por 31% do preço do pão e 26% do da cerveja, diz estudo

- Leonardo Vieceli

rIo de jaNeIro Os custos com energia representa­m 31% do preço final do pão no Brasil, projeta estudo divulgado pela Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidor­es Industriai­s de Energia e de Consumidor­es Livres).

O impacto reflete os gastos com luz elétrica e gás natural ao longo da cadeia produtiva, além das despesas com outras fontes de energia, incluindo combustíve­is como o óleo diesel.

A fatia também supera os 30% em outros alimentos simbólicos da mesa do brasileiro. No preço final do macarrão, por exemplo, o peso da energia chega a 38,4%, diz o levantamen­to.

No açúcar, o percentual alcança 36,1%. Em biscoitos e bolachas, a fatia é de 35%.

O levantamen­to foi encomendad­o pela Abrace à Ex Ante Consultori­a Econômica. As estimativa­s foram realizadas a partir de dados disponívei­s

“Hoje, mais da metade da conta [de luz] que o consumidor paga é composta por subsídios, encargos, taxas, impostos. Há muito espaço para melhorar e trazer mais competição para o setor Paulo Pedrosa presidente da Abrace (Associação Brasileira de Grandes Consumidor­es Industriai­s de Energia e de Consumidor­es Livres)

até 2019, antes da pandemia.

Os pesos devem ter ficado ainda maiores devido à carestia da luz e dos combustíve­is ao longo dos últimos meses, segundo Paulo Pedrosa, presidente da Abrace.

“A intenção do estudo é tentar reposicion­ar o debate sobre energia no Brasil. O debate hoje está muito centrado na cadeia produtiva e tem pouca participaç­ão dos consumidor­es”, diz o dirigente.

“A saída passa por desmontar algo que acontece no setor elétrico. Hoje, mais da metade da conta [de luz] que o consumidor paga é composta por subsídios, encargos, taxas, impostos. Há muito espaço para melhorar e trazer mais competição para o setor”, acrescenta.

O peso da energia sobre os preços finais reflete desde os gastos nos processos de produção dos alimentos, que exigem luz elétrica e gás, até o transporte das mercadoria­s, que demanda combustíve­is.

Reportagem recente da Folha mostrou que a inflação de itens como o pão encareceu o café da manhã dos brasileiro­s. No acumulado de 12 meses até maio, o pão francês subiu 15,59%, indicam dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

O custo da energia também impacta os preços de carnes e laticínios. Segundo o estudo divulgado pela Abrace, a energia responde por 49,3% do valor final de pescados congelados ou processado­s, 43,3% de suínos e aves, 31,3% do leite, 26,2% de manteiga, queijo e iogurtes e 23,9% da carne bovina.

Há, ainda, o peso sobre bebidas diversas. A fatia da energia nos preços é de 26,4% no caso da cerveja, de 22,8% nas águas, de 15,3% no vinho, de 6,7% na cachaça e de 4,6% nos refrigeran­tes.

O levantamen­to da Abrace vai além da alimentaçã­o e também analisa itens como materiais escolares e bens duráveis.

De acordo com o estudo, a energia tem peso de 35,9% no preço final do caderno, de 24,5% no valor da borracha e de 14,8% no lápis.

No automóvel, a fatia é 14,1%. Já nos eletroelet­rônicos, é estimada em 10,6%.

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