Folha de S.Paulo

Bolsonaro confirma que não haverá reajuste para servidores neste ano

Presidente afirma, no entanto, que governo estuda a possibilid­ade de dobrar auxílio-alimentaçã­o de todas as categorias ainda em 2022

- Marianna Holanda

“Lamentavel­mente, não tem reajuste para servidor. Nós estamos tentando agora, que tem que vencer legislação eleitoral, dobrar, no mínimo, o valor do auxílioali­mentação Jair Bolsonaro

bRaSÍLia A quatro meses das eleições, o presidente Jair Bolsonaro (PL) confirmou nesta segunda (13) que não haverá reajuste para servidores neste ano. Ele disse, contudo, que ainda está em estudo a possibilid­ade de dobrar o valor do auxílio-alimentaçã­o de todas as categorias ainda em 2022.

“Lamentavel­mente, não tem reajuste para servidor. Nós estamos tentando agora, que tem que vencer legislação eleitoral, dobrar, no mínimo, o valor do auxílio-alimentaçã­o”, disse a jornalista­s, em frente ao Planalto. Ele não detalhou, contudo, quanto custaria o incremento ao benefício.

Segundo Bolsonaro, não haverá reajuste por falta de recurso no Orçamento. O governo estudava conceder um reajuste ainda mais generoso para carreiras policiais, que integram sua base de apoiadores.

O próprio presidente disse estar discutindo essa possibilid­ade com o ministro da Economia, Paulo Guedes, com quem teve reunião nesta segunda-feira, fora da agenda.

A Folha antecipou, em fevereiro, que o governo estudava elevar o vale-alimentaçã­o como alternativ­a ao reajuste.

O Executivo paga hoje um auxílio-alimentaçã­o de R$ 458 mensais a todos os servidores ativos, exceto aqueles que estão afastados por licença-capacitaçã­o de longa duração ou por cessão a organismos internacio­nais.

Já o auxílio pré-escolar, pago a funcionári­os ativos com filhos de até seis anos, tem valor de até R$ 321 mensais.

Os valores tiveram o último reajuste em 2016 e estão bem abaixo do que é pago pelos demais Poderes.

O governo vinha estudando a possibilid­ade de conceder reajuste de 5% para todos os servidores, e uma porcentage­m ainda maior para carreiras policiais —Polícia Rodoviária Federal e Depen.

Aos jornalista­s Bolsonaro disse que o governo tinha recursos para fazer a reestrutur­ação dessas carreiras, mas que não o fez por “bronca” de outros servidores. Policiais são considerad­os eleitores do presidente, no Planalto.

Bolsonaro está em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto, atrás do expresiden­te Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele vinha sendo desaconsel­hado por aliados a conceder o aumento mais generoso aos policiais justamente para não desagradar aos demais funcionári­os públicos.

“Tinha bronca de próprios outros servidores de outros setores, setor público [falando] ‘ah, vou ameaçar parar’. Vários representa­ntes. Então não pude prosseguir com a [reestrutur­ação] da Polícia Rodoviária Federal, nem como da Depen”, disse.

Categorias da elite do funcionali­smo público vinham ameaçando fazer greves, seja para conseguir também serem contemplad­as no aumento, seja por considerar­em os 5% insuficien­tes.

“Você imagine aí parando aí o Banco Central, parando a CGU, parando a Receita, parando os fiscais sanitários. Agora, se alguém apontar onde eu posso usar recursos, eu dou reajuste agora, em 20%, 30%, 40% para todo o mundo. Para o ano que vem, é possível, estamos preparando”, continuou.

O recuo ocorre após idas e vindas em estudos para aumentar de todas ou só apenas algumas categorias. Na semana passada, ele já havia sinalizado para a possibilid­ade de ninguém ter reajuste, mas ainda sem afirmar categorica­mente a decisão.

“Lamento, [mas] pelo o que tudo indica, não será possível dar nenhum reajuste para o servidor no corrente ano”, disse Bolsonaro em entrevista ao SBT.

Na semana passada, o governo federal bloqueou a execução de R$ 8,7 bilhões do Orçamento de 2022 para não descumprir o teto de gastos, que impede o cresciment­o das despesas federais acima da inflação.

A medida inclui a verba de R$ 1,7 bilhão originalme­nte destinada a reajuste de servidores —reforçando a dificuldad­e de conceder aumentos ao funcionali­smo diante das limitações fiscais.

O corte atinge principalm­ente os ministério­s da Ciência, da Educação e da Saúde.

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