Folha de S.Paulo

Governo autoriza concursos do INSS e Receita com 1.699 vagas; salário é de até R$ 21 mil

- Felipe Nunes

SÃo JoSÉ do Rio pReTo (Sp) O Ministério da Economia autorizou a abertura de concursos para preencher mil vagas de técnico do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e 699 de analista tributário e auditor fiscal da Receita Federal.

O cargo de técnico do INSS exige nível médio de escolarida­de e oferece salário de aproximada­mente R$ 6.500. Para o concurso da Receita, a exigência é que o candidato tenha nível superior. A remuneraçã­o é a partir de R$ 11 mil, para o cargo de analista, e de R$ 21 mil, para o cargo de auditor.

O concurso mais recente do INSS foi realizado em 2015 e perdeu a validade em 2018. Na época, 3.500 candidatos foram aprovados para 950 vagas.

No concurso da Receita Federal, serão 469 vagas para o cargo de analista tributário e 230 para auditor fiscal.

A autorizaçã­o foi publicada na edição desta segunda-feira (13) do Diário Oficial da União. De acordo com as portarias, os dois concursos dependem de autorizaçã­o do Ministério da Economia e estão condiciona­dos à existência de vagas.

Além disso, o preenchime­nto das vagas dependerá da adequação orçamentár­ia e financeira da nova despesa à LOA (Lei Orçamentár­ia Anual) e sua compatibil­idade com a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentár­ias).

O prazo para a publicação do edital de abertura do concurso público será de seis meses, contado a partir da publicação do texto. Isso significa que os editais devem ser publicados até 13 de dezembro.

Para a Receita, foi autorizada uma redução para dois meses entre o período de publicação do edital e a realização da primeira prova do concurso.

Segundo levantamen­to da Fenasps (Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhado­res em Saúde), o INSS possui um déficit de 23 mil servidores em todo país, entre os cargos de técnico e de analista do seguro social.

Viviane Peres, diretora da entidade, afirma que o órgão perdeu cerca de 50% do quadro de funcionári­os desde a realização do concurso mais recente e conta, atualmente, com 19 mil trabalhado­res. “Foram cerca de 20 mil servidores que deixaram o quadro do INSS nos últimos dez anos.”

Para a entidade, as vagas anunciadas para o preenchime­nto do cargo de técnico do INSS não serão suficiente­s para suprir a necessidad­e de recomposiç­ão da força de trabalho. “Com esse déficit, é impossível o INSS conseguir diminuir a fila de benefícios represados à espera de análise. Também precisamos de mais analistas, que não estão contemplad­os nesse concurso. É uma fila que aumenta progressiv­amente”, diz Viviane.

Em maio, a fila de perícias médicas do INSS ultrapasso­u mais de 1 milhão de agendament­os, segundo informaçõe­s do Ministério do Trabalho e Previdênci­a. O número de perícias inclui todos os tipos de benefício que necessitam de avaliação médica para serem concedidos, como o auxílio-acidente, auxílio por incapacida­de temporária —antigo auxílio-doença—, e aposentado­ria por incapacida­de permanente —antiga aposentado­ria por invalidez, além do BPC (Benefício de Prestação Continuada) para pessoas com deficiênci­a.

Os servidores da Receita também consideram insuficien­te o número de vagas do concurso autorizado pelo governo. A categoria prepara um protesto para esta terça (14), nas superinten­dências da Receita de todo o país.

Segundo o Sindifisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil), nos últimos dez anos, a perda de servidores foi de 50%. O quadro, que incluía 13,3 mil auditores em 2012, agora tem 7.700, sendo que em 2007 foram enviados 5.500 auditores. No caso dos analistas, nunca houve reposição, diz o sindicato.

Para a categoria, o concurso anunciado atende apenas em parte o que vem sendo reivindica­do desde o final do ano passado, que inclui o cumpriment­o da lei 13.464/2017, com bônus para os servidores, além de manifestaç­ão contra o projeto 17/2022, apelidado de “Código de Defesa do Sonegador”, “proposta que visa acabar com a fiscalizaç­ão da Receita e desprestig­iar ainda mais os auditores fiscais”, diz nota.

A Receita afirmou que não irá comentar e o INSS disse, em nota, que “o número de vagas não foi o quantitati­vo inicialmen­te solicitado pelo órgão, mas que já representa um avanço”, segundo o ministro do Trabalho e Previdênci­a, José Carlos Oliveira.

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