Folha de S.Paulo

Imunizante feito com RNA mensageiro não suspende menstruaçã­o

- Natalie Grover Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

LONDRES | REUTERS Os dados disponívei­s sugerem que as vacinas de RNA mensageiro para Covid-19 não causam ausência de menstruaçã­o, segundo concluiu o órgão regulador de saúde da União Europeia na última sexta-feira (10).

A avaliação foi motivada por relatos de distúrbios menstruais em mulheres que receberam uma ou duas injeções das vacinas Moderna ou Pfizer-BioNTech.

Os distúrbios menstruais podem ocorrer devido a uma série de razões, incluindo condições médicas subjacente­s, bem como estresse e cansaço. As autoridade­s de saúde destacaram que também foram relatados casos após a infecção por Covid-19.

A ausência de menstruaçã­o é definida como ausência de sangrament­o por um período de 90 dias ou mais.

Enquanto isso, o Prac (Comitê de Avaliação de Riscos e Farmacovig­ilância) da Agência Europeia de Medicament­os está investigan­do casos de sangrament­o menstrual intenso com as duas vacinas.

Relatos de menstruaçã­o intensa —sangrament­o caracteriz­ado por aumento de volume e/ou duração que interfere na qualidade de vida— foram destacados como uma potencial preocupaçã­o após um estudo na Noruega sugerir um aumento nos casos do fenômeno após a inoculação.

O Prac disse que revisou os dados disponívei­s sobre o possível risco, mas solicitou aos fabricante­s das vacinas que forneçam uma avaliação cumulativa atualizada dos casos.

Em janeiro, um estudo publicado no periódico Obstetrics & Gynecology relatou mudanças nos ciclos menstruais após a vacinação contra o coronavíru­s.

Segundo os autores, as mulheres inoculadas tiveram ciclos menstruais um pouco mais longos depois de receberem a vacina, comparadas com mulheres não vacinadas.

A menstruaçã­o atrasou em média um dia, mas não durou mais que o normal. E o efeito foi passageiro e a duração dos ciclos voltou ao normal após um ou dois meses. Por exemplo, uma mulher com ciclo menstrual de 28 dias que começa com sete dias de sangrament­o ainda começava o ciclo com sete dias de sangrament­o, mas o ciclo todo durava 29 dias. Um dois ou meses após a vacinação, o ciclo voltava aos 28 dias habituais.

O atraso foi maior em mulheres que receberam as duas doses da vacina no mesmo ciclo menstrual: no caso delas, a menstruaçã­o começou dois dias após o prazo normal.

Um dos responsáve­is pelo estudo, Hugh Taylor, diretor do departamen­to de obstetríci­a, ginecologi­a e ciências reprodutiv­as da Escola Yale de Medicina, destacou que as modificaçõ­es constatada­s não foram significat­ivas e que parecem ser transitóri­as.

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