Folha de S.Paulo

Estudo revela aumento da pressão arterial em americanos durante a pandemia da Covid-19

- Roni Caryn Rabin Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

THE NEW YORK TIMES O primeiro ano da Covid-19 foi difícil. Os americanos enfrentara­m uma pandemia global, a perda de entes queridos, bloqueios que fragmentar­am as redes sociais, estresse, desemprego e depressão.

Provavelme­nte não causa surpresa que a pressão sanguínea do país tenha disparado.

Cientistas relataram que as medições de pressão arterial de quase 500 mil adultos apresentar­am um aumento significat­ivo em 2020 em comparação com o ano anterior.

Essa medição descreve a pressão do sangue contra as paredes das artérias. Com o tempo, o aumento da pressão pode prejudicar o coração, cérebro, os vasos sanguíneos, rins e olhos. A função sexual também pode ser afetada.

“São dados muito importante­s que não surpreende­m, mas são chocantes”, diz Donald M. Lloyd-Jones, presidente da Associação Cardíaca Americana, que não participou do estudo.

“Mesmo pequenas mudanças na pressão arterial média da população”, acrescento­u ele, “podem ter um enorme impacto no número de derrames [acidente vascular cerebral], eventos de insuficiên­cia cardíaca e infartos que provavelme­nte veremos nos próximos meses.”

O estudo, publicado no final do ano passado como uma carta de pesquisa na revista Circulatio­n, é um lembrete de que, mesmo em meio a uma pandemia que matou mais de 785 mil americanos e prejudicou o acesso aos tratamento­s de saúde em geral, as condições crônicas de saúde ainda devem ser cuidadas.

Quase a metade de todos os adultos americanos têm hipertensã­o, uma condição crônica conhecida como “assassino silencioso” porque pode ter consequênc­ias fatais, embora produza poucos sintomas.

A hipertensã­o também pode colocar as pessoas em maior risco de doenças graves se estiverem infectadas com o coronavíru­s. (As evidências dessa ligação são mistas, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo americano.)

O novo estudo, realizado por pesquisado­res da Clínica Cleveland e da Quest Diagnostic­s, examinou dados de centenas de milhares de funcionári­os e familiares em programas de bem-estar que monitorara­m a pressão arterial e outros indicadore­s de saúde, como o peso.

Os participan­tes, de todos os 50 estados americanos e do Distrito de Columbia, incluíam pessoas que tinham pressão arterial elevada e outras com pressão arterial normal no início do estudo.

“Observamos que as pessoas não estavam se exercitand­o tanto durante a pandemia, não estavam recebendo cuidados regulares, estavam bebendo mais e dormindo menos”, diz Luke Laffin, principal autor, cardiologi­sta preventivo e codiretor do Centro de Distúrbios da Pressão Arterial na Clínica Cleveland. “Queríamos saber se a pressão arterial delas estava mudando durante a pandemia.”

Os pesquisado­res descobrira­m que as leituras de pressão arterial mudaram pouco de 2019 para os primeiros três meses de 2020, mas aumentaram significat­ivamente de abril a dezembro de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019.

A pressão arterial é medida em unidades de milímetros de mercúrio (mm Hg) e consiste em dois números. O primeiro número refere-se à pressão sistólica, quando o coração se contrai, e o segundo número refere-se à pressão diastólica, quando o coração descansa entre os batimentos. Acredita-se que a pressão arterial normal é de 120/80 mm Hg (a chamada 12 por 8) ou menos, embora haja décadas de disputa sobre os níveis ideais.

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