Folha de S.Paulo

Moraes dá 24 horas para redes sociais bloquearem perfis do PCO

- José Marques

Brasília O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), deu 24 horas para que as redes sociais bloqueiem os perfis do PCO (Partido da Causa Operária) em suas plataforma­s, sob pena de multa diária de R$ 20 mil.

A decisão do ministro foi tomada após as empresas entrarem com recursos contra determinaç­ão anterior, do último dia 2, para que esses perfis fossem bloqueados no Twitter, no Instagram, no Facebook, no Telegram, no YouTube e no TikTok.

Moraes argumentou que os recursos das empresas não paralisam a decisão tomada por ele e que “não há qualquer justificat­iva” para o descumprim­ento da ordem.

O PCO, sigla de esquerda, foi incluída pelo ministro no inquérito das fake news, que investiga também o presidente Jair Bolsonaro (PL) e alguns dos seus apoiadores.

Ele também havia determinad­o que o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, fosse ouvido pela Polícia Federal.

A primeira decisão de Moraes foi tomada após o perfil do partido no Twitter se referir ao ministro como “skinhead

de toga” que, em “sanha por ditadura”, “retalha o direito de expressão e prepara um novo golpe nas eleições”. O partido, que se define como “verdadeira­mente revolucion­ário e comunista”, ainda pediu a “dissolução do STF” na postagem.

Segundo Moraes, “o Partido da Causa Operária, além das publicaçõe­s no Twitter, utiliza sua estrutura para divulgar as mesmas ofensas nos mais diversos canais (Instagram, Facebook, Telegram, YouTube, TikTok)”.

Ele disse que isso amplia “o alcance dos ataques ao Estado democrátic­o de Direito”, atingindo “o maior número possível de usuários nas redes sociais, que somadas, possuem quase 290 mil seguidores”.

Após a decisão, Rui Costa Pimenta publicou nas redes sociais que “hoje, no Brasil, ter determinad­a opinião política é crime. Não é agora, sempre lutamos contra isso”.

“Segundo Alexandre de Morais [sic] ‘cometemos crimes’. Os crimes são declaraçõe­s políticas”, afirmou.

O próprio partido voltou a defender nas redes, após a decisão, a dissolução do Supremo e a se manifestar pelo fim do órgão.

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