Folha de S.Paulo

Lula priorizará destravar palanques, resolver SP e falar com empresário­s

- Catia Seabra e Joelmir Tavares

SÃO PAULO Após lançar as diretrizes de seu futuro programa de governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer desatar nós de sua campanha presidenci­al como a solução de imbróglios em palanques estaduais —com destaque para São Paulo— e a abertura de canais com o empresaria­do.

Aliados avaliam que Lula precisa viajar por São Paulo acompanhad­o de seu candidato a vice, o ex-governador paulista Geraldo Alckmin (PSB), mas a indefiniçã­o de Márcio França (PSB), que mantém sua pré-candidatur­a ao governo mesmo com a campanha de Fernando Haddad (PT), é um impeditivo.

Auxiliares têm contribuíd­o para a pressão sobre o petista, que vê o PT desarticul­ado em alguns estados ou com dificuldad­e de consolidar alianças por conflitos entre partidos da base.

A prévia do plano de governo, apresentad­a nesta terça (21), deve ser usada como credencial nas movimentaç­ões. O texto foi lançado sem pontos que criaram ruídos em versões preliminar­es e com concessões a conservado­res e sinalizaçõ­es ao centro na pauta econômica.

Estados-chave como Rio de Janeiro e São Paulo têm embates protagoniz­ados por PT e PSB. O presidenci­ável planeja viajar ao Rio no início de julho para conversas.

Parte do PT fluminense resiste ao apoio a Marcelo Freixo (PSB) para o governo e também há divergênci­a em torno da vaga ao Senado. O PSB quer lançar o deputado federal Alessandro Molon, enquanto uma ala do PT pleiteia a candidatur­a do presidente da Assembleia do Rio, André Ceciliano.

A dor de cabeça é maior em São Paulo. Alckmin, visto como alguém que pode ajudar Lula a quebrar resistênci­a entre o eleitorado mais conservado­r e em setores do agronegóci­o, não foi escalado para agendas de campanha com ele no estado por causa da permanênci­a de França no páreo.

Em uma reunião nesta semana, petistas disseram ser temerário ficar à espera de uma definição, que pode se dar só no prazo legal das convenções partidária­s, entre 20 de julho e 5 de agosto.

Diante de um questionam­ento sobre a possibilid­ade de ter que se aguardar até lá, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que não acreditava que isso seria necessário. Alckmin, que acompanhav­a a conversa, assentiu com a cabeça, segundo relatos de pessoas presentes no encontro.

A possibilid­ade de Lula deflagrar a série de incursões sem o vice não é descartada.

Outra prioridade para a campanha é ampliar o diálogo com representa­ntes do empresaria­do e do mercado financeiro. O ex-presidente tem encontros com empresário­s agendados para o fim do mês, entre reuniões fechadas e jantares.

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