Folha de S.Paulo

Suspeito de utilizar drone contra ato de Lula já foi condenado

Agropecuar­ista respondeu à Justiça por estelionat­o em MG e roubo em GO e foi obrigado a usar tornozelei­ra

- Leonardo Augusto

BELO HORIZONTE Um dos três homens detidos pela Polícia Militar sob suspeita de organizar o ataque com drone contra participan­tes de ato com o ex-presidente Lula (PT) em Uberlândia na semana passada tem condenação por estelionat­o em Minas Gerais, por roubo em Goiás e já foi obrigado a usar tornozelei­ra eletrônica.

O detido foi identifica­do como Rodrigo Luiz Parreira, 38, e é agropecuar­ista, segundo informou seu advogado.

Rodrigo Luiz e outros dois homens foram detidos em flagrante sob suspeita de comandar o voo do drone sobre o local onde o ato foi realizado, na quarta-feira (15), despejando um líquido contra as pessoas que aguardavam a chegada de Lula e do pré-candidato do PSD ao governo, Alexandre Kalil.

Várias relataram terem sido alvejadas. O relato era que o líquido exalava odor parecido com o de fezes.

Os três foram detidos e liberados depois de assinarem um Termo Circunstan­ciado de Ocorrência.

O drone foi apreendido. O equipament­o era adaptado para operações em lavouras.

O MPF (Ministério Púbico Federal) abriu investigaç­ão para apurar o caso, já que inicialmen­te, se trata de situação envolvendo drones, que são regulament­ados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).

No decorrer das investigaç­ões, conforme o MPF, a Polícia Federal também poderá ser acionada. Um dos pontos que será investigad­o pela Procurador­ia é exatamente qual foi a substância lançada.

Uma hipótese é que o líquido foi o Target, substância destinada a combater insetos em estábulos.

Questionad­o pela Folha ,o advogado Benedito dos Reis Vieira, que defende Rodrigo Luiz, disse que não conversou com seu cliente sobre a motivação para o ataque no ato político, nem sobre qual substância foi lançada.

O advogado entende que seu cliente deverá prestar informaçõe­s à Justiça somente em relação ao uso do drone. “É considerad­o um crime de pequeno potencial”, disse.

O suspeito de organizar a ação tem duas passagens pelo sistema prisional de Minas Gerais, conforme a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública.

Uma foi no Presídio de Uberlândia, por quase dois meses, em 2015. A outra foi no Presídio de Tupaciguar­a, que, assim como Uberlândia, fica no Triângulo Mineiro, no período de 2 a 17 de abril de 2020.

Dentro do mesmo processo, Rodrigo Luiz ficou detido ainda de 17 de abril de 2020 a 23 de maio de 2020, novamente no Presídio de Uberlândia, quando passou para prisão domiciliar com utilização de tornozelei­ra eletrônica. O monitorame­nto foi retirado por determinaç­ão judicial em agosto de 2020.

Os motivos das passagens pelo sistema prisional não foram informados pela secretaria. Em 10 de abril de 2015, o agropecuar­ista e outras cinco pessoas começaram a responder processo sob acusação de estelionat­o na 4ª Vara Criminal de Uberlândia.

A acusação foi por falsa denunciaçã­o de crime envolvendo suposto desvio de carga de caminhão.

Em 17 de maio de 2020, o juiz Paulo Roberto Caixeta proferiu sentença, em primeira instância, contra Rodrigo Luiz aplicando pena de dois anos e seis meses de prisão, que foram transforma­dos em pena alternativ­a.

Nesses casos, os sentenciad­os podem, por exemplo, cumprir a pena prestando serviços à comunidade.

O advogado de Rodrigo Luiz não fala sobre a acusação de estelionat­o contra seu cliente, apesar de ser o responsáve­l pela defesa do agropecuar­ista nessa ação.

O outro processo em que Rodrigo Luiz foi condenado foi por roubo pela Justiça de Goiás em 2005, quando tinha 21 anos. Neste caso, porém, ele não foi para a prisão, por ter sido beneficiad­o pelo regime semiaberto harmonizad­o.

O sistema permite ao condenado permanecer em casa à noite, quando deveria retornar à penitenciá­ria, conforme previsto no regime semiaberto convencion­al.

A condenação de Rodrigo Luiz por roubo em Goiás consta no Sistema Eletrônico de Execução Unificado.

Os registros no sistema mostram o mesmo nome da mãe do agropecuar­ista que está nos controles da Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais.

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Reprodução O Tempo - 15.jun.22 Drone joga líquido suspeito sobre apoiadores de Lula reunidos em Uberlândia (MG)

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