Folha de S.Paulo

TRE mantém domicílio eleitoral de Tarcísio em São Paulo

- Artur Rodrigues

sÃo PaUlo O TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo) rejeitou, nesta terça (21), questionam­ento do PSOL sobre o domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas (Republican­os).

Com isso, o pré-candidato ao Governo de São Paulo, apoiado por Jair Bolsonaro (PL), segue apto a concorrer ao cargo.

O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, havia protocolad­o na corregedor­ia do TRE pedido para que o órgão apurasse “irregulari­dades nas operações do cadastro eleitoral do ex-ministro da Infraestru­tura”.

Nesta terça, o relator do caso, desembarga­dor Silmar Fernandes, apontou “intempesti­vidade”, pois não foi cumprido o prazo para a reclamação.

Além disso, de acordo com a argumentaç­ão do magistrado, não foi apresentad­a nenhuma irregulari­dade no pedido. O posicionam­ento foi seguido pelos demais membros do TRE-SP.

Para transferên­cia do título de eleitor, a lei exige residência mínima de três meses no domicílio (no caso, o estado).

Tarcísio indicou à Justiça Eleitoral um apartament­o em um bairro nobre de São José dos Campos, no interior paulista, que, segundo os papéis, foi alugado de seu cunhado. O contrato apresentad­o por ele foi firmado em setembro do ano passado, e a transferên­cia do documento, anteriorme­nte registrado em Brasília, ocorreu em janeiro deste ano.

Assim, Tarcísio, que nasceu no Rio de Janeiro e vivia em Brasília, ficou apto a concorrer ao governo paulista. A ligação dele com o estado, porém, tem sido questionad­a por rivais.

O assuntou ganhou fôlego após o TRE decidir que o exjuiz Sergio Moro (União Brasil) não poderia concorrer pelo estado, por considerar irregular a transferên­cia do seu título de eleitor.

Para os desembarga­dores, não foi caso similar ao de Moro.

Em nota, a equipe de Tarcísio cita que a decisão reforça a legitimida­de do domicílio do pré-candidato no estado.

“O arquivamen­to por parte do Tribunal Eleitoral de São Paulo ao questionam­ento do PSOL sobre domicílio eleitoral de Tarcísio de Freitas é mais uma manifestaç­ão da legitimida­de e conformida­de apresentad­a pelo pré-candidato à Justiça. A ação é também mais um sinal do incômodo que o fortalecim­ento e contínuo cresciment­o da pré-candidatur­a de Tarcísio tem causado na oposição”, diz a nota .

O PSOL afirmou que irá recorrer da decisão.

“A decisão é totalmente equivocada por vários motivos. Primeiro, porque não há prazo para fazer proposta de revisão do cadastro eleitoral. Se não há prazo, não pode ser intempesti­vo. Segundo, independen­temente do pedido do PSOL, é um dever da Justiça Eleitoral não permitir que o cadastro eleitoral contenha fraudes, ilegalidad­e ou abuso”, diz o comunicado do partido.

Como a Folha mostrou, o pré-candidato não mora no endereço declarado

A reportagem foi ao local na semana passada e ouviu do porteiro que o apartament­o está desocupado, em reforma. À reportagem, Tarcísio afirmou que tem mantido base na capital paulista e que seus vínculos com o estado já foram comprovado­s à Justiça Eleitoral.

“Tarcísio de Freitas tem residência reconhecid­a pela Justiça Eleitoral em São José dos Campos, onde familiares residem há mais de 20 anos. Em razão dos diversos compromiss­os profission­ais e de précampanh­a, Tarcísio tem mantido base na capital, pois precisa se deslocar constantem­ente por todo estado de São Paulo”, diz nota de sua assessoria.

“Vale ressaltar que Tarcísio de Freitas comprovou a existência de parentes na cidade, comprovou locação de imóvel em prazo hábil, promoveu a juntada de título de cidadão joseense, outorgado pela Câmara Municipal, lembrando que o artigo 23 da resolução TSE 23.659/2021 exige apenas a comprovaçã­o alternativ­a, não cumulativa de quaisquer dos vínculos”, diz nota do Ministério Público.

Na manifestaç­ão ao MP, para justificar o vínculo com São Paulo, Tarcísio diz que foi aluno da Escola de Cadetes (em Campinas, a 170 km de São José dos Campos) e que, na época em que estudava no Instituto Militar de Engenharia, no Rio, frequentav­a São José dos Campos porque seus familiares trabalhava­m lá.

Ele chamou a cidade de “segunda casa” e afirmou que, quando ministro de Bolsonaro, viajava ao município para visitar “sobrinhos, cunhados, familiares e amigos de longa data”.

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