Nos EUA, colapso das criptomoedas afeta minorias e jovens
londres | financial times Para muitas pessoas, os ativos digitais evocam imagens dos chamados “cripto bros” —o estereótipo de homens jovens, bem-educados, de ascendência europeia, com boas perspectivas de rendimentos. Na verdade, os americanos de ascendência africana e hispânica estão desproporcionalmente representados entre os investidores americanos.
A juventude certamente é um fator diferenciador. Mas a capacidade de suportar perdas confortavelmente pode não ser. Os especialistas talvez devessem guardar seu desprezo para os promotores de ativos digitais que só usam jargões, em vez dos compradores que pagam do próprio bolso.
Desde novembro, o valor total do mercado de criptomoedas caiu dois terços —ou mais de US$ 2 trilhões—, para menos de US$ 1 trilhão. O bitcoin perdeu 70% de seu valor.
A ruína dos ativos digitais atingirá os investidores minoritários. Relatório do Pew Research Center de 2021 mostrou que os adultos asiáticos, negros e latinos têm maior propensão que os brancos a comprar tokens.
Um quarto dos americanos negros com renda familiar superior a US$ 50 mil possui criptoativos, segundo pesquisa feita pela Ariel Investments e Charles Schwab, em comparação com apenas 15% dos americanos brancos com renda semelhante. Mais que o dobro de investidores negros disseram que a criptomoeda foi seu primeiro investimento —11%, ante 4%.
A cautela com produtos de investimento tradicionais tem raízes históricas. No passado, não brancos eram submetidos a práticas de empréstimos discriminatórias pelos bancos. Eles são mais visados por credores predatórios com empréstimos arriscados.
Em todas as etnias, as pessoas de 25 a 34 anos são a faixa etária predominante, de acordo com a Insider Intelligence. Jovens e minorias podem figurar como compradores significativos de criptomoedas porque a renda e a riqueza pessoal são menores nesses grupos. O patrimônio imobiliário está fora de alcance como investimento em cidades caras, para pessoas de recursos modestos. Para algumas, as criptomoedas podem ter parecido alternativas acessíveis.
Os verdadeiros “cripto bros” —programadores em startups digitais— enfrentam um duplo golpe. Eles podem se tornar redundantes enquanto o valor dos tokens que economizaram de salários pagos em criptomoedas evapora.