Folha de S.Paulo

Radialista e DJ, foi potente e à frente do tempo

SANDRA MARIA cAMARGO cARRARO (1956-2022)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

sÃo paulo Com os microfones à frente, Sandra Carraro foi a energia, o talento e a versatilid­ade. Dona de voz potente e inconfundí­vel, trocou a carreira na advocacia pela comunicaçã­o e pela música.

Sandra formou-se em direito na PUC (Pontifícia Universida­de Católica), trabalhou como cartorária e passou uma temporada em Nova York para um curso de ourives. Lá, aprimorou o inglês, segundo o humorista e colunista do jornal Bem Paraná Luiz Maurício Camargo Carraro (Miau Carraro), 63, seu irmão.

O rádio e a música ganharam espaço na vida de Sandra. Como locutora, trabalhou nas rádios Estação Primeira, que depois virou 91 Rádio Rock, e Transaméri­ca. Também comandou um programa na radioweb Social Rock.

No final dos anos 1990, com o house e o techno em explosão no Brasil, Sandra investiu na tendência e, com dois amigos, criou a Groove Planet, voltada aos dois estilos. Além de música, a programaçã­o tinha entrevista­s e comentário­s.

Em meados de 2005, a radialista abraçou a carreira de DJ e foi responsáve­l pelas trilhas sonoras de baladas em Curitiba e outras cidades, como Florianópo­lis e São Paulo.

No livro “Registros Sonoros em Prosa” (editora Compactos, 2013), a radialista e DJ deixou um pedaço da própria história e fatos do gênero musical que foi seu combustíve­l: o rock.

Mulher determinad­a, forte e autêntica, Sandra não levava desaforos e nem media as palavras, independen­temente das consequênc­ias. Por outro lado, nos embates sabia argumentar.

Optou por não se casar e criou os filhos sozinha, de acordo com o irmão.

“Minha irmã foi uma das mulheres de vanguarda de Curitiba, que abriu caminho para as mais jovens se posicionar­em. Sandra tinha uma presença forte, era empoderada.”

“Ela defendia a diversidad­e e posicionav­a-se a favor da causa LGBTQIA+. A Sandra era a mestre de cerimônias oficial da Parada Gay de Curitiba”, afirma Luiz.

Sandra Carraro morreu dia 18 de junho, aos 66 anos, de câncer. Solteira, deixa dois filhos, a mãe e dois irmãos.

MARIA STELLA NOGUEIRA

WHITAKER Aos 87, solteira. Quarta (22/6). Cemitério de Congonhas, Jardim Marajoara, São Paulo (SP)

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil