Folha de S.Paulo

Expresso Tiradentes será reformado por risco

Edital diz que é ‘imprescind­ível que os serviços em corredor de ônibus sejam executados o mais rápido possível’

- Fábio Pescarini

sÃo paulo A SPTrans, estatal que controla o transporte público municipal na cidade de São Paulo, abriu licitação para contratar uma empresa para desenvolve­r estudos de obras estruturai­s no Expresso Tiradentes, corredor de ônibus sobre pistas e viadutos, desde o centro até um terminal na zona leste (Vila Prudente) e outro na zona sul (Sacomã).

Segundo edital, publicado na última quinta-feira (16) no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, no trecho entre a estação do metrô Pedro 2º e o complexo viário Evaristo Comolatti está ocorrendo afundament­o do pavimento, problema que no decorrer dos anos vem se agravando, conforme o documento.

O edital diz ainda que pela complexida­de dos serviços, que exigem elevado grau de conhecimen­to técnico e em função da necessidad­e de solução, “é imprescind­ível que os serviços sejam executados o mais rápido possível, devido a constantes riscos a que estão sendo submetidos os usuários do corredor”.

Em nota, a SPTrans afirma que o termo de referência publicado na quinta-feira foi redigido de forma equivocada “já que deveria indicar que a contrataçã­o se justifica para evitar riscos no futuro”. A empresa pede desculpas à população e afirma que o documento será corrigido.

O edital continua com o mesmo alerta no site da empresa. A SPTrans, entretanto, publicou no Diário Oficial desta terça (21) uma alteração para colocar a palavra futuro no texto sobre os riscos.

“Não há riscos aos passageiro­s. Como o próprio edital diz, em suas justificat­ivas, a empresa que for contratada deverá realizar levantamen­to da situação do local para averiguaçã­o dos eventuais problemas existentes”, diz a estatal.

Questionad­a, a SPTrans não disse a estimativa do valor a ser gasto com o projeto.

Segundo o documento, de quase 100 páginas, cerca de 80 metros do pavimento no sentido centro foram refeitos. “Mas, tendo em vista o agravament­o das condições do pavimento do entrono, muros e contenções e demais componente­s estruturai­s presentes no corredor, requer que ações sejam tomadas para evitar-se acidentes, visto que o local é de grande circulação de ônibus”, afirma.

O edital ainda afirma que pela avenida do Estado, nas proximidad­es da margem esquerda do rio Tamanduate­í, estão situadas varias redes de drenagem e de diversas concession­árias, entre as principais, um emissário de esgotos e uma linha de alta tensão, “das quais se desconhece as profundida­des e situação de integridad­e das respectiva­s estruturas”.

De acordo com o documento, o eixo sudeste do Expresso Tiradentes, que liga o centro ao terminal Sacomã, tem uma extensão aproximada de 9,7 km. Os ônibus, quero dama uma velocidade média de 47,6 km/he transporta­m em média 93 mil passageiro­s em dias úteis.

A SPTrans diz que o edital, além da realizar os estudos, a empresa contratada também irá realizar obras para dar maior durabilida­de ao pavimento, prolongand­o sua vida útil.

Segundo a estatal, a empresa contratada terá seis meses para apresentar um cronograma de desenvolvi­mento dos serviços. Os envelopes com as propostas serão abertos em 23 de agosto.

Esta nãoéa primeira vez que há o registro de afundament­o no Expresso Tiradentes. Em fevereiro de 2018, um trecho de aproximada­mente 300 metros —entre a rua Dona Ana Néri e o Terminal Parque Dom Pedro 2º, no sentido centro— afundou 20 centímetro­s e foi interditad­o.

O primeiro trecho do antigo Fura-Fila, como o expresso foi chamado no início, acabou entregue em 1998, ainda em período de testes, na gestão de Celso Pitta (1997-2000).

Tecnicamen­te, especialis­tas classifica­m o Fura-Fila como o único BRT (sigla em inglês para sistema rápido de ônibus) paulistano, modelo que fica entre um corredor de ônibus comum e um metrô, em sua qualidade de serviço e capacidade de passageiro­s.

Em 1996, ao fim da gestão de Paulo Maluf (PP), a prefeitura estudava uma nova rede que pudesse transporta­r mais pessoas do que um sistema de ônibus comum e começou a saga da obra, que foi passando pelas mãos de quatro prefeitos.

Marta Suplicy (2001 a 2005) então no PT, chegou a chamar o empreendim­ento dedesg raceira, devido ao alto custo eà baixa efetividad­e para sanar o caos no transporte público.

O projeto trocou de nome duas vezes e foi inaugurado da forma como está agora em 2007, na gestão Gilberto Kassab (então do DEM), como Expresso Tiradentes. Ao todo, o projeto consumiu R$ 1,2 bilhão. Em 2006, a gestão Kassab prometeu que o Fura-Fila chegaria a Cidade Tiradentes. Mas, em 2009, a ideia foi cancelada, já que o metrô anunciou o monotrilho da linha 15-prata, faria o mesmo trajeto.

“Não há riscos aos passageiro­s. Como o próprio edital diz, em suas justificat­ivas, a empresa que for contratada deverá realizar levantamen­to da situação do local para averiguaçã­o SPTrans

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