Folha de S.Paulo

Você conhece o polo aeroespaci­al brasileiro?

População brasileira confia na ciência, mas tem pouco contato com ela

- Marcelo Viana Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France

Anos atrás, os meus filhos assistiam a um seriado infantil de aventura ambientado no Instituto Butantan. O encanto deles era tal que na primeira oportunida­de tiramos um fim de semana para turismo em São Paulo, com o Butantan como principal atrativo.

As crianças ficaram um pouco decepciona­das por não encontrare­m fantasmas nem múmias de faraós, mas adoraram ver as verdadeira­s imagens de Paul Ehrlich, Vital Brazil, Carlos Chagas e outros cientistas, e aprender um pouco do que eles fizeram. Durante um tempo, falou-se muito sobre soro antiofídic­o e vacinas lá em casa.

Segundo pesquisa realizada pela multinacio­nal 3M, independen­temente da classe social, idade, gênero e conhecimen­to técnico, 92% dos brasileiro­s confiam na ciência e reconhecem a sua importânci­a no dia a dia. É o número mais alto em todo o mundo.

Isso é notável porque, na verdade, a população brasileira tem poucas oportunida­des de contato com a pesquisa científica. Quantos conseguem nomear algum cientista (Einstein não vale!)? Pior, quantos conseguem lembrar de algum cientista brasileiro, ou apontar um avanço importante realizado pela ciência nacional?

No âmbito da matemática, os adolescent­es brasileiro­s são os que têm menor exposição às aplicações da disciplina em sua vida quotidiana, entre todos os países que participam no Pisa (Programa Internacio­nal de Avaliação de Estudantes). É uma das conclusões do estudo “Dez questões para professore­s de matemática... e como o Pisa pode ajudar a responder”, elaborado pela OCDE com base nas declaraçõe­s dos próprios estudantes.

Iniciativa­s no sentido de aproximar a sociedade brasileira da ciência e da tecnologia realizada no nosso país têm um importante papel na mudança desse quadro e na formação dos nossos jovens. Uma dessas iniciativa­s acaba de ser lançada pela Aeita (Associação dos Engenheiro­s do Instituto Tecnológic­o de Aeronáutic­a).

Trata-se do Prêmio Sócios-Mirins, que vai selecionar dez estudantes de todo o país de 7 a 14 anos para visitarem São José dos Campos, polo aeroespaci­al brasileiro e sede da Embraer, do Instituto Tecnológic­o de Aeronáutic­a, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e de outros institutos de pesquisa e empresas de tecnologia. Os custos serão assegurado­s pela Aeita. As inscrições estão abertas até 30 de junho no site do Prêmio (www.sociosmiri­ns.com). O que está esperando para contar para sua filha, seu filho, seus estudantes?!

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