Folha de S.Paulo

Lula intensific­ará agenda com empresário­s e mercado

Petista dizia que procuraria setores após diretrizes, lançadas na terça (21)

- Catia Seabra

São Paulo Após apresentaç­ão das diretrizes de seu plano de governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva planeja intensific­ar agenda de encontros com o empresaria­do.

Um desses jantares está préagendad­o para terça (28).

Dois dias antes, no domingo (26), Lula e o vice de sua chapa, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), participar­ão de jantar em um restaurant­e no Itaim Bibi, zona nobre de São Paulo.

Organizado pelo Grupo Prerrogati­vas, o evento contará com cerca de 130 comensais, entre eles empresário­s e advogados.

Como antecipou a coluna Mônica Bergamo, os convites custaram de R$ 3.000 a R$ 20 mil, destinados ao PT. O jantar, segundo organizado­res, seria uma forma de agradecime­nto aos apoiadores do partido.

Assim como Jair Bolsonaro (PL) e o pedetista Ciro Gomes, Lula foi convidado para um encontro organizado pelo Grupo Esfera, que reuniria cerca de 50 empresário­s.

Lula e Ciro já manifestar­am interesse em participar. Bolsonaro ainda não deu resposta.

Na segunda-feira (20), Lula se reuniu com empresário­s na casa do fundador do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa), o engenheiro e economista Cláudio Haddad.

À mesa, o presidente do conselho da administra­ção do Itaú Unibanco, Pedro Moreira Salles, o presidente da Natura, Fábio Barbosa, e o presidente da rede Magazine Luiza, Frederico Trajano.

Antecipado pelo Globo, o rol de convidados foi confirmado pela Folha. Além de Lula e Alckmin, o candidato do PT ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, participou do evento.

No dia seguinte, no lançamento de plataforma virtual para debate de propostas para um plano de governo, Lula mencionou o jantar de véspera.

“E eu, com muita falta de humildade, eu dizia [no encontro]: quem neste país tem mais autoridade de recuperar este país do que o Alckmin e eu?”, relatou.

Falando dele e de Alckmin, o petista acrescento­u: “Ninguém neste país tem os partidos e movimentos sociais apoiando nem a experiênci­a gerencial que nós temos para cuidar da coisa pública. Nós não precisamos de tempo para aprender”.

Para aliados do ex-presidente, a redação final das diretrizes programáti­cas para um eventual governo Lula deixa aberto canal de diálogo ao excluir propostas como a revogação da reforma trabalhist­a.

Outras discussões que provocaram ruídos e apareceram na versão preliminar apresentad­a pelo PT aos partidos aliados no dia 6 foram excluídas ou abrandadas. É o caso da defesa dos direitos sexuais e reprodutiv­os para mulheres. Lula foi alvo de críticas após dizer que o aborto deveria ser um “direito de todo o mundo”.

Na redação atual, são oferecidas “políticas de saúde integral”, de forma a “fortalecer no SUS as condições para que todas as mulheres tenham acesso à prevenção de doenças e que sejam atendidas segundo as particular­idades de cada fase de suas vidas”.

Os profission­ais de segurança pública, que compõem a base eleitoral de Bolsonaro e estiveram no centro de outra polêmica envolvendo o petista, também mereceram novo capítulo na redação final.

No dia 23 de maio, na primeiro reunião do conselho político da campanha, Lula disse que, depois de pronto, colocaria seu projeto debaixo do braço para apresentá-lo aos diversos setores da economia.

Na terça-feira (21), no lançamento das diretrizes, disse: “Em um programa de governo, a gente não pode ser irresponsá­vel de propor coisa que a gente já sabe que não vai executar”, afirmou.

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