Folha de S.Paulo

Mostrou o significad­o do amor em suas adoções

MARIA NILZA FAGGI SIMONETTI (1932-2022)

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

Nos dias de chuva, Maria Nilza saía com um carrinho de feira e resgatava os animais de rua. Em casa, os enchia de cuidados e arrumava um espaço no coração da família.

De coração gigante, o que mais a dona de casa fez foi adotar, resgatar e amar.

Filha de imigrantes italianos, Maria nasceu em São Paulo e ainda bebê foi com a família para Poços de Caldas. Ficou em terras mineiras até os 11 anos. Dono de um haras, seu pai trabalhava para os cassinos locais. Quando os estabeleci­mentos fecharam, ele e a família se mudaram para São Caetano (ABC paulista).

Com cerca de 13 anos, a então menina perdeu o pai. Na época, sua mãe estava grávida do oitavo filho.

Após a tragédia, Maria Nilza e os irmãos passaram a trabalhar com a mãe. A família armazenava manteiga em potes para a comerciali­zação.

Num mercadinho, aos 16 anos, Nilza conheceu Mário Simonetti, aquele que viria a ser seu marido. Os dois tinham 24 anos quando se casaram e foram morar em São João Clímaco (zona sul da capital paulista). Permanecer­am casados por quase 60 anos.

A dificuldad­e para engravidar não tirou de Nilza a maternidad­e. O publicitár­io e professor Vagner Simonetti, 52, foi adotado quando tinha apenas dias de vida, e oito anos e três meses depois o casal adotou Gislene Simonetti, na época com pouco mais de um ano.

“Ela foi mãe em todos os sentidos, da educação, do carinho, de ensinar, de me transforma­r num indivíduo. Se não fosse por ela e pelo meu pai, não sei se eu seria o que eu sou hoje”, diz Vagner.

Nilza foi dona de casa a vida inteira. Como era comunicati­va e gostava de se relacionar, montou uma loja de louças no porão de onde morava, em São João Clímaco.

Mesmo com pouco estudo, Maria Nilza escrevia muito bem, de cartas a poemas. Também ligada a arte, pintava de panos de prato a quadros.

“Ela nos ensinou o quanto vale a pena ser bom, preocupar-se com as pessoas e fazer o bem.

Maria Nilza morreu dia 13 de junho, aos 89 anos, em decorrênci­a de insuficiên­cia respiratór­ia e doença de Alzheimer avançada. Viúva, deixa dois filhos e uma neta.

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